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sábado, 15 de novembro, 2025
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Trump recua de taxação global, mas mantém tarifa de 40% para o Brasil

Ordem executiva recua taxas para vários países, enquanto produtos brasileiros continuam enfrentando tarifa de 40%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na sexta-feira (14) uma ordem executiva que reduz retroativamente as tarifas sobre uma série de produtos agrícolas, como carne bovina, tomates, café e bananas. A medida recua parte das taxas anunciadas pelo próprio governo em 2 de abril, no chamado “Dia da Libertação”.

Apesar da redução, o Brasil não foi beneficiado. Fontes da Casa Branca confirmaram que a medida trata apenas da alíquota inicial anunciada em abril — de 10% — e não da sobretaxa de 40% definida posteriormente, em julho. Assim, os produtos brasileiros seguem enfrentando tarifa de 40% aplicada sob justificativa de reciprocidade.

Frustração econômica pressiona governo

A decisão ocorre em meio à preocupação crescente com o custo de vida nos Estados Unidos. Pesquisas de boca de urna do início do mês indicaram insatisfação dos eleitores com a economia, levando à vitória de candidatos democratas em várias eleições estaduais.

Diversos produtos incluídos na ordem executiva registraram alguns dos maiores aumentos de preços desde o início do mandato de Trump, em parte devido às tarifas impostas. O café — no qual o Brasil é o principal fornecedor dos EUA — enfrenta tarifa total de 50% desde agosto, o que contribuiu para um aumento de quase 20% no preço ao consumidor em setembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor norte-americano.

Em seu texto, Trump justificou a decisão citando “recomendações de autoridades”, “andamento de negociações” e a situação da produção interna dos Estados Unidos. A medida tem efeitos retroativos a partir de quinta-feira (13).

Produtores brasileiros veem cenário ainda difícil

No Brasil, o anúncio repercutiu com cautela entre representantes do setor agrícola.

Eduardo Brandão, diretor-executivo da Abrafrutas, avaliou que a redução parcial das tarifas pouco muda o cenário para os exportadores nacionais. “Nossa situação continua complicada. A tarifa recíproca que foi reduzida poderia nos aliviar, mas ainda precisamos entender quais países foram contemplados”, afirmou. Ele estima uma queda de 70% nas exportações de uva nesta safra em comparação a 2024.

A Abiec, que representa as indústrias exportadoras de carne, considerou a medida um sinal positivo, mas frisou que ainda é cedo para medir impactos. Em nota, a entidade afirmou que a redução “devolve previsibilidade ao setor” e fortalece o diálogo técnico entre os países.
“É uma primeira sinalização de retomada do fluxo comercial normal”, disse Roberto Perosa, presidente da associação.

Para o Cecafé, que representa os exportadores de café, o efeito também é limitado, já que o Brasil segue com duas alíquotas: a base de 10% e a extra de 40%, vinculada ao artigo 301.
“O Cecafé está em contato com seus pares americanos para analisar cuidadosamente a situação”, afirmou o presidente Márcio Ferreira.

Decisão antecedeu encontro diplomático

Fontes relatam que a decisão de Trump já havia sido tomada dias antes de uma reunião entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, realizada na quinta-feira (13).

Com a ordem executiva, o cenário para o Brasil continua desafiador, enquanto setores aguardam novos passos do governo norte-americano que possam aliviar as barreiras tarifárias impostas nos últimos meses.

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