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sexta-feira, 9 de maio, 2025
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Uma em cada três mulheres lidera as finanças do lar, aponta pesquisa

Apesar da persistente imagem cultural do homem como provedor, as mulheres brasileiras vêm ocupando, de forma cada vez mais decisiva, o centro da gestão financeira de suas famílias. É o que revela uma nova pesquisa realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box, divulgada nesta semana. O levantamento entrevistou 1.383 mulheres entre os dias 14 e 24 de fevereiro de 2025, e traçou um retrato detalhado da relação do público feminino com o dinheiro, revelando tanto sua atuação central nas finanças domésticas quanto os desafios estruturais que continuam a marcar suas trajetórias.

Segundo os dados, 93% das mulheres entrevistadas participam ativamente das decisões financeiras familiares, e uma em cada três é a única responsável pelas contas do lar. A pesquisa também aponta que, quanto menor a renda familiar, maior a carga financeira assumida exclusivamente por elas: em lares de baixa renda, 43% das mulheres lideram sozinhas a gestão do orçamento, índice que cai para 26% na renda média e 18% nas famílias de alta renda.

Uma em cada três mulheres lidera as finanças do lar, aponta pesquisa

A organização também é uma marca registrada na rotina feminina: 80% das entrevistadas relatam pagar as contas com antecedência e 64% são as principais responsáveis pelo controle dos gastos domésticos. Ainda que o controle seja, em grande parte, feito de forma manual — com planilhas e cadernos utilizados por 55% —, o comprometimento com o planejamento financeiro é forte: 62% participam de decisões sobre investimentos e poupança e 54% organizam o orçamento da família.

Obstáculos persistem, mas há busca por conhecimento

Mesmo diante de uma rotina marcada por múltiplas responsabilidades — a chamada “dupla jornada” — 90% das entrevistadas relataram dificuldade em equilibrar trabalho e afazeres domésticos. Para 70% delas, a solução foi buscar trabalhos informais para complementar a renda, sobretudo como revendedoras ou prestadoras de serviços.

A pesquisa também revela que apenas 3 em cada 10 mulheres se consideram bem preparadas financeiramente, mas isso não as impede de buscar conhecimento: 79% afirmam recorrer às redes sociais, sites e apps de bancos para aprender mais. O sentimento é otimista: 81% acreditam que as mulheres estão ganhando mais espaço no mercado financeiro, e 74% relatam se sentir mais confiantes ao ver outras mulheres falando sobre finanças.

Acesso ao crédito ainda é um dos maiores entraves

Entre os principais desafios enfrentados pelas mulheres está a dificuldade em obter crédito ou financiamento, apontada por 47% das entrevistadas. A necessidade de acesso a recursos financeiros é evidente: 81% das mulheres buscaram alguma forma de crédito no último ano, seja para despesas imprevistas, quitação de dívidas ou para limpar o nome.

A desigualdade salarial (15%) e a falta de educação financeira (17%) também aparecem como entraves significativos, ao lado do endividamento (31%) e da falta de controle sobre as finanças (18%).

A pesquisa conclui que 87% das mulheres acreditam que seu papel econômico ainda é subestimado na sociedade. Para mudar esse cenário, especialistas apontam a urgência de políticas públicas e iniciativas privadas voltadas à educação financeira, à facilitação do crédito e à equidade salarial. A valorização da mulher no controle das finanças não é apenas uma questão de reconhecimento — é também um caminho estratégico para o desenvolvimento econômico e social do país.

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