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Vereadores de Campo Grande e Dourados debatem nesta semana ‘Baleia Azul’ para evitar casos de suicídio

Publicado em 23/04/2017 07h35

Vereadores de Campo Grande e Dourados debatem nesta semana ‘Baleia Azul’ para evitar casos de suicídio

Notícia falsa gerou repercussão de desafio que estimula morte, no jogo denominado “Baleia Azul”.

Da redação

Vereadores das Câmaras Municipais de Campo Grande e Dourados estaram nesta semana debatendo os efeitos e perigos do desafio “Baleia Azul”. Em Campo Grande acontecerá na próxima quinta-feira (27) às 15h, audiência pública para tratar do tema, e em Dourados, ocorrerá amanhã (24) às 9h, reunião restrita às autoridades ligadas à criança e adolescência contra o jogo “Desafio da Baleia Azul”.

O “Desafio da Baleia Azul” é um jogo mortal, onde os participantes seguem uma série de instruções que os deixam fragilizados e motivados a tirar a própria vida. A pessoa que comanda o jogo se chama “curador” e envia pequenos desafios aos jogadores todas as madrugadas, justamente quando os pais desavisados estão alheios às atividades virtuais dos filhos. Segundo informações o desafio dura 50 dias, neste período o jovem vai cumprindo as mais difíceis provas e o jogo termina com o desafio final: o suicídio.

As primeiras vítimas do jogo foram duas adolescentes russas, mas houve morte em Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco e tentativas em Curitiba, no Paraná. Entre as “missões”, as mais fáceis consistem em acordar às 4h20 da madrugada para assistir a filmes de terror e ouvir sem parar músicas que deixam a pessoa triste. Isso predispõe o jogador para as próximas tarefas, criando nele um estado depressivo. Os passos seguintes incluem automutilação, arriscar-se em lugares altos e perigosos. Autoridades russas creem que os curadores sejam pessoas mais velhas e persuasivas, pois convencem os jovens de que eles não podem sair do jogo. O caso foi publicado por um jornal estatal russo em 2015, mas se tratava de uma notícia falsa. Contudo, houve repercussão mundial com suspeita de mortes ocorridas devido ao desafio.

Essa atividade é investigada pela Polícia Civil em alguns estados, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

O assunto tem preocupado autoridades, pais e professores e os vereadores da Capital e de Dourados querem debater formas de prevenir mortes.

CÂMARA DE CAMPO GRANDE

Em Campo Grande, a reunião foi proposta pelo vereador Hederson Fritz (PSD) e mobilizará todas as comissões pertinentes ao tema, que abrange diversas especialidades, como saúde, educação, cidadania e direitos humanos, segurança pública e juventude. Na sessão de quinta-feira (20) os vereadores Wellington de Oliveira (PSDB) e Wilson Sami (PMDB) falaram sobre a problemática.

“Não é uma brincadeira, nem são casos isolados. A situação está se tornando uma endemia, um caso de saúde pública e nós precisamos nos movimentar, fortalecendo as ações de combate ao bullying nas escolas e ampliando serviços como do CVV (Centro de Valorização da Vida)”, disse Sami.

Para o vereador Wellington de Oliveira, a palavra “desafio” não se encaixa à proposta, tão pouco a palavra “jogo”.

“Deixo um alerta aos pais para estarem sempre atentos à mudança de comportamento e saibam quem são os amigos reais e virtuais de seus filhos. Compartilhem projetos de vida, abram espaço para o diálogo, pois os adolescentes buscam aliados, então sejam vocês pais os principais aliados de seus filhos”.

CÂMARA DE DOURADOS

Já em Dourados, a vereadora Daniela Hall (PSD) convocou uma reunião restrita às autoridades ligadas à criança e adolescência contra o jogo Blue Whale, o Desafio da Baleia Azul. O encontro acontece na próxima segunda-feira às 9h na Câmara Municipal. O objetivo é discutir medidas de prevenção ao suicídio em Dourados, além de disparar alerta geral aos pais sobre os perigos desses desafios lançados em redes sociais e que já chegaram no município. Segundo informações extraoficiais e que precisam ser investigadas, pelo menos 100 adolescentes de Dourados estariam em grupos que incentivam o desafio da morte.

De acordo com a vereadora, foram convidados para o encontro membros do Ministério Público Estadual, autoridades ligadas a segurança pública, secretarias de Assistência Social, Educação e Saúde da Prefeitura de Dourados, Conselho Tutelar, Vara da Infância, IFMS, entre outros ligados aos direitos das crianças e adolescentes.

“Estamos falando de um jogo cujo final é o suicídio. As mortes geradas por esse jogo têm amedrontado famílias. Em nossas visitas nos bairros, muitas mães se dizem assustadas. Como mãe de dois filhos praticamente na adolescência entendo esse temor, que tira o sono dos pais. Nesse momento de angustia, precisamos unir forcas, esclarecer o que está acontecendo e buscar saídas. Sabemos que o jogo em si não é a causa do problema, ele é o meio utilizado por criminosos para influenciar crianças e jovens ao suicídio. Segundo especialistas, os fatores que levam ao suicídio são a depressão, os conflitos internos de jovens durante a transição entre as fases infantil e adulta, desagregação familiar e falta de políticas públicas efetivas. Quero colocar o meu gabinete a disposição para por fim nesse jogo demoníaco, cujo prêmio final é a morte”, destaca.

Daniela acredita que o melhor combate é a prevenção e a valorização da vida. “Temos que levar informações importantes para os pais identificarem sinais que os filhos dão quando estão em situação de perigo, com indícios de depressão. Além disso incentivar o diálogo e estruturar uma rede de atendimento para os adolescentes e famílias que precisam de ajuda psicológica e de saúde. Queremos discutir o assunto para montarmos estratégias de prevenção e não sermos pegos de surpresa com tragédias em nossa cidade”, destaca, observando que há informações de que o número de suicídios em Dourados vem aumentando gradativamente. “Em nenhum caso foi comprovado qualquer participação no jogo, mas é melhor prevenir”, destaca, observando que desse primeiro encontro sairão propostas para ações de curto, médio e longo prazo.

ÍNDICE DE SUÍCIDIO NO BRASIL

A taxa de suicídios entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos aumentou de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 – representando um aumento de quase 10%. Os dados revelam que apesar do crescimento ser lento, é constante.

Os números são do estudo Mapa da Violência 2017.. O levantamento tem como base dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

BALEIA ROSA

Para contrapor o desafio que pode levar a morte, desde dia 13 de abril está no ar no Facebook a Campanha Baleia Rosa. Nesse desafio, a proposta é realizar ações afirmativas e positivas tanto para que aceita o jogo como para outras pessoas.

É possível conhecer mais sobre a proposta no perfil da rede social e também na página oficial da Baleia Rosa.

Reprodução

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