Mais uma vez, a aparição de uma onça-pintada gerou momentos de tensão entre moradores do bairro próximo ao Mirante da Capivara, em Corumbá, a 429 quilômetros de Campo Grande. O felino foi flagrado por câmeras de segurança na noite da última sexta-feira (6), no quintal da casa de Clara da Silva Pereira Duarte, localizada na Rua Marechal Floriano.
Ao notar a presença do animal, Clara e seu filho conseguiram espantá-lo aos gritos. Segundo ela, a família já havia registrado outra aparição dias antes, quando a onça tentou atacar uma poodle, mas acabou sendo afugentada pelas outras duas cadelas da casa. Desde então, o quintal passou a ser monitorado por câmeras.
“Nem consegui dormir essa noite. Estamos muito preocupados”, contou Clara ao Diário Corumbaense. Após o novo incidente, uma equipe da Polícia Militar Ambiental (PMA) foi até a residência para orientar os moradores. “Eles vieram aqui e conversaram com a gente”, relatou.
O genro da moradora, Odney Edson de Souza Torres, afirmou que a rotina da família mudou completamente. “Ficamos reféns da situação. A nossa segurança fica vulnerável, não se sabe qual será a reação de um animal selvagem”, disse. Segundo ele, os cães são recolhidos antes das 18h, e a família redobrou a atenção com o entorno da casa.
Na mesma noite, vizinhos relataram barulhos vindos de um galinheiro próximo. “As galinhas ficaram agitadas. Estouramos bombinhas e elas se acalmaram, mas depois voltaram a se agitar. Minha cunhada ligou dizendo que a onça tinha sido registrada pela câmera. Vimos quando ela deixou o quintal e foi em direção ao Mirante”, completou Odney.
Esse não é um caso isolado. Há registros recentes de onças-pintadas em outras regiões de Corumbá, especialmente próximas ao Canal do Tamengo, afluente do rio Paraguai. Também há relatos de aparições em Ladário, cidade vizinha. No entanto, ainda não se sabe quantos animais circulam na região.
O biólogo Sérgio Barreto, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), explica que fatores ambientais podem estar por trás do aumento nas ocorrências. “O nível mais alto do rio Paraguai em 2025, comparado a 2024, alagou áreas de campo e forçou animais a buscarem regiões mais altas, como áreas urbanas. A presença de animais domésticos e o descarte inadequado de alimentos também são atrativos. Além disso, os incêndios de 2024 podem ter alterado o deslocamento das onças em direção à cidade”, explicou.
Ações de orientação à comunidade
Diante da situação, o IHP, a Fundação de Meio Ambiente e a PMA estão promovendo visitas e campanhas educativas nos bairros onde há registros de onças-pintadas. O objetivo é informar os moradores sobre o comportamento desses animais, oferecer orientações de segurança e divulgar canais de contato em caso de risco.
As autoridades reforçam que a população pode colaborar com as ações informando qualquer indício da presença de animais silvestres em áreas urbanas pelos números da Gerência de Proteção e Bem-Estar Animal (67) 9 9936-0164 ou da PMA, (67) 9 9266-4052.