A rua pulsa, e há dez anos o coletivo Produza Projeções é o ouvido, o olhar e a memória dessa pulsação no Mato Grosso do Sul. Criado em 2015 por Cleverson de Oliveira, o Buguinha, o grupo nasceu com o propósito de registrar manobras de skate, mas logo ampliou seu alcance para registrar toda a cultura de rua: os MCs, DJs, grafiteiros e B-boys e B-girls da cena local.
A comemoração de uma década de existência começa neste domingo (24), às 19h, com o espetáculo-manifesto Viva Rua, no Palco Sol do Festival de Inverno de Bonito, abrindo uma série de quatro atos que marcarão o aniversário do coletivo.
“Mais do que os vídeos ou os eventos, o que mais me orgulha nessa jornada são as oportunidades que criamos. Skatistas que tiveram seu primeiro vídeo, MCs que gravaram seu primeiro clipe sem custo, jovens da periferia que tiveram acesso à produção audiovisual. Isso é o que fica”, afirma Buguinha.
Cultura Hip-Hop no palco e na rua
O espetáculo mistura passado, presente e futuro da cultura Hip-Hop. Participam nomes da velha escola, como DJ Magão, Miliano e TWK, ao lado de novos talentos, como o B-boy Saka e a B-girl Aline. Nas artes visuais, Léo Mareco ocupa o espaço com lambe-lambe e shapes customizados, trazendo rostos e símbolos das periferias sul-mato-grossenses. Um telão projeta imagens históricas: campeonatos de skate, batalhas de MCs, videoclipes independentes e registros que consolidam a Produza como referência da cultura de rua no estado.
Abrir a comemoração em Bonito tem significado especial para Buguinha. “Bonito sempre foi uma cidade onde realizamos muitas ações: campeonatos de skate voluntários, oficinas de audiovisual, batalhas de MCs, produção artística de grupos. Essa celebração abre alas para novas oportunidades na cidade”, diz.
No auge da performance, Buguinha faz sua entrada triunfal no palco, representando o videomaker e skatista como elementos ativos na construção da cultura Hip-Hop.
Memória em colagens sonoras
Parte essencial do espetáculo é a discotecagem de DJ Magão, que acompanha a Produza desde o início. Ele fará colagens sonoras que homenageiam a velha escola, enquanto interage com a nova geração. “Temos que saudar a velha escola, que batalhou para que essa cultura fosse o que é hoje, mas também aproximar o novo e o antigo. A Produza sempre caminhou assim, unindo forças”, afirma Magão.
Uma década de resistência
A trajetória da Produza Projeções não foi fácil. O acesso a equipamentos sempre foi um desafio, superado por meio de parcerias, criação de conteúdos e ampliação das cidades atendidas, como Dourados, Corumbá, Amambai e Ponta Porã. A pandemia também testou o coletivo, que apostou em lives e manteve a cena ativa em tempos de isolamento. Entre produções independentes, oficinas de audiovisual e eventos como Produza Day e Produza Cine, o coletivo consolidou-se como registro vivo da cultura Hip-Hop no estado.
Agora, ao completar 10 anos, o coletivo mira novos horizontes: documentários, exposições de vídeo e foto e oficinas voltadas à juventude periférica. “A mensagem que deixo para a juventude é: independente do que você tenha, produza o seu melhor, sempre. A oportunidade que você gera pode se transformar em grandes possibilidades”, conclui Buguinha.
Quatro atos de celebração
A comemoração dos 10 anos da Produza Projeções será dividida em quatro momentos:
- 24 de agosto de 2025, no Festival de Inverno de Bonito (Palco Sol) – com o espetáculo Viva Rua, a partir das 19h;
- setembro, no Japa Conveniência;
- outubro, durante a Feira Ziriguidum;
- novembro, no Degrau Estúdio, encerrando o ciclo.
