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“Catadores” e pais de família encontram alimento no que sobra da Ceasa

Publicado em 22/05/2017 08h15

“Catadores” e pais de família encontram alimento no que sobra da Ceasa

Por mês, 4 mil toneladas de frutas, legumas e verduras são descartadas

Tomate, batata, abobrinha, cebola, cenoura, laranja, coco verde, melancia, maracujá, abacaxi, limão siciliano, pera, rúcula. Itens facilmente encontrados em feiras e mercado, mas nas Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa), em Campo Grande, 25% de tudo que é comercializado vai para o descarte ou mesmo para o lixo. Por mês, são 16 mil toneladas de frutas, legumes e verduras que chegam ao local, mas 4 mil toneladas acabam perdidas. O descarte acontece por motivos diversos, desde o “prazo de validade” dos produtos que precisam ser vendidos antes de completarem uma semana nos boxes ou mesmo por apresentarem pequenas imperfeições e até por caírem das caixas no momento de serem descarregadas dos caminhões que fazem o transporte.

É nos latões e contêineres espalhados no pátio do maior centro de comercialização de legumes, frutas e verduras de Mato Grosso do Sul que Maria Pereira dos Santos, 66 anos, tira parte do sustento para ela e a família. “Hoje sou só eu e meu marido. Mas há 30 anos, ou mais, eu frequento o Ceasa. Já comi muita verdura daqui. Sempre recolhi o que era descartado. E agora tenho uma filha que trabalha aqui e uma neta que sempre vem pegar as coisas que não servem para venda”, diz ela, segurando o maço de hortaliça que tirou de um dos contêineres.

Maria tem diabetes e precisou amputar a perna direita há três anos, após complicações da doença. “Eu não gosto de ficar parada em casa, então venho pra cá (Ceasa). Também reformo as caixas de madeira para transporte da mercadoria e vendo por R$ 0,80 até R$ 1,00. Já ajuda a pagar os remédios que preciso tomar, são muitos”. Uma das “catadoras” mais antigas do local, ela garente que os alimentos tirados do “lixo” são na maioria das vezes o sustento para inúmeras famílias. “Tem muita gente pobre mesmo, que precisa. Não tem o que comer. E tem muita verdura, fruta boa nos latões, coisa que dá pra consumir”, afirma. Ao redor dela, perto da área de descarte, estavam várias frutas podres e produtos totalmente inservíveis.

Correio do Estado

Há 30 anos, Maria Pereira frequenta a Ceasa em busca de alimentos - Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado

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