O suplente de vereador Ademir Santana, voltou a Câmara municipal de Campo Grande, a partir desta terça-feira (4), em vaga deixada, temporariamente, por João César Mattogrosso. Ambos do PSDB, Santana ficou na primeira suplência nas eleições do ano passado, com 4.118 votos, e ontem assumiu a vaga com a ida de Mattogrosso para a Secretaria Estadual de Cultura e Cidadania. O então vereador titular de primeiro mandato (2016 a 2020), disputou reeleição parlamentar, e apesar de até bem votado, não se reelegeu titular devido ao coeficiente eleitoral e por falta de mais votos, que talvez não chegou as urnas devido a ele ter sido alvo da policia na 5ª fase da operação Omertà, por suspeita de extorsão. E após a eleição, se tornou réu em processo Judicial. Veja mais detalhe abaixo.
O parlamentar, que se tornou réu na Justiça, em novembro de 2020, sob acusação de ser integrante de associação criminosa, assumi a vaga no parlamento em meio a continuidade e possível julgamento do processo. Santana se tornou réu, pois tem ligações com a familia Name, e assim foi ‘envolvido’ na então etapa da Omertà, que apurou a extorsão contra o antigo proprietário de um imóvel, no bairro Monte Líbano, onde foi apreendido arsenal de armas, em maio de 2019. O flagrante foi o fio condutor que levou as prisões dos empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, apontados como líderes de organização criminosa. Ademir diz que é implicado em crime que não cometeu e que a Justiça terá de repará-lo.
Contudo, como ainda não tem nada judicial, que o impeça de exercer cargos públicos, nesta terça-feira (4), ele retorna ao parlamento municipal e provocou uma alteração na composição das Comissões Permanentes da Câmara da Capital. Ademir ainda assumirá a principal comissão da Casa de Leis, a Comissão Permanente de Legislação, Justiça e Redação Final, onde substitui João César como membro. No colegiado, tramitam todas proposições que dão entrada na Câmara para emissão de pareceres sobre aspectos legal, constitucional e regimental.

Em seu discurso de posse, Ademir agradeceu a Deus e os votos que recebeu. “Quando fomos eleitos, em 2016, fizemos um pacto para cuidar da nossa Cidade Morena. Nos abraçamos com muita dedicação a Câmara, com toda responsabilidade e lutamos para chegarmos onde estamos hoje. É um momento de agradecimento. Quando fiquei de suplente, não entrei em desespero, não fui pego de surpresa. Tivemos um empate técnico na nossa chapa e isso faz parte do jogo”, discursou.
Ademir, destacou ainda, que deve retomar a agenda de trabalhos deixados no último mandato e, que agora deve acrescentar como principal bandeira, a criação de um Hospital Municipal em Campo Grande.
Outras mudanças na Câmara
Conforme a direção da Casa de Leis, outras mudança também acontecem, como na Comissão Permanente de Políticas e Direitos das Mulheres, de Cidadania e Direitos Humanos, que, por regimento, tem a missão de opinar sobre aspectos e direitos relativos ao índio, à criança, ao adolescente, ao idoso, ao negro, à mulher, e a outras minorias étnicas e sociais; e aspectos relativos à defesa e garantia dos direitos do cidadão.
Com a saída de João César Mattogrosso, o vereador Victor Rocha assumiu a presidência da Comissão Permanente de Indústria, Comércio, Agropecuária e Turismo, que busca fomentar a política de geração de emprego e desenvolvimento econômico através de ações isoladas ou conjuntas com a sociedade civil organizada e os poderes públicos. A Comissão ainda ganhou como novo membro o vereador Clodoilson Pires.
E, na Comissão Permanente de Legislação Participativa, que recebe sugestões de inciativa legislativa apresentada por cidadãos e órgãos de classe, Ademir Santana substituiu o Victor Rocha na presidência.
As comissões são definidas observando a representatividade proporcional dos partidos ou blocos parlamentares, conforme Regimento Interno da Casa de Leis, e são renovadas a cada dois anos. As atribuições de cada colegiado também são estabelecidas em Regimento.
“CAPIVARA”
Ademir diz que é implicado em crime que não cometeu e que a Justiça terá de repará-lo. “Atrapalhar, atrapalhar, mas eu sou citado em uma carona que não dei. Confio na Justiça dos homens e na de Deus. Estou sendo acusado de uma coisa que não fiz e a Justiça vai ter de reparar isso”, afirma.
Como foi noticiado pela mídia local, em 07 de outubro de 2020, a polícia fez buscas nos imóveis (casa e chácara) do vereador, suspeito de envolvimento em crimes de pistolagem e com a família Name. Alvo da 5ª fase da operação, em ano eleitoral, Segundo apurado pela mídia o nome do vereador estava ligado na negociação de um imóvel onde foi localizado um arsenal de guerra. Ainda, segundo apuração policial, Santana foi quem transportou o empresário José Carlos de Souza e sua mulher para a mansão de Jamil Name, onde o casal ficou sob a mira de arma. José é apontado como dono da casa onde foi localizado o arsenal e que, segundo revelado à polícia, o imóvel foi tomado pelo grupo para quitar uma dívida milionária, acumulada desde 2015.
Em depoimento no Garras, em 8 de outubro, os advogados do vereador acusado negaram o envolvimento de Ademir como motorista da família Name. “Até porque, em maio de 2017, quando os fatos teriam acontecido, já exercia a função de vereador na Câmara Municipal de Campo Grande/MS, estando envolvido em vários eventos”, fala no texto.
Após investigações policial, Ademir se tornou réu em processo judicial, e, em 24 de fevereiro de 2021, apresentou sua defesa contra a acusação de ser integrante da associação criminosa de Name e filho, que era especializada em extorsão armada, agiotagem e lavagem de dinheiro. Ele alega não haver provas de sua participação nas ações de delito que estão incluídas na denúncia baseada em investigação da força-tarefa da Polícia Civil.