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Com pouca estrutura e orçamento, desfile atrai 5 mil foliões na Capital

28/02/2017 07h34

Com pouca estrutura e orçamento, desfile atrai 5 mil foliões na Capital

Quatro agremiações desfilaram na Avenida Alfredo Scaff.

Correio do Estado

A alegria não ficou de fora no primeiro dia de desfile das escolas de samba de Campo Grande, apesar da falta de dois componentes para que a festa ficasse completa – mais estrutura e maior orçamento. Nesta segunda-feira (27), as quatro agremiações que desfilaram pela avenida Alfredo Scaff tiveram que abrir mão da originalidade e optar pelo improviso e criatividade, por causa do corte financeiro que o evento sofreu este ano.

O desfile foi aberto pela escola mirim Herdeiros do Samba, por volta das 20h30min, e seguiu com a apresentação das escolas Unidos do Aero Rancho e Unidos do São Francisco, do grupo de acesso. Depois, entraram a Unidos do Cruzeiro e a Cinderela Tradição do José Abrão, do grupo especial. A maior parte dos temas escolhidos por elas puderam ser trabalhados dentro de um plano mais geral e dispensaram investimentos em adereços específicos, estratégia que facilitou a reciclagem de fantasias utilizadas nos carnavais anteriores. Ainda assim, a diversidade de histórias contadas na avenida conseguiu envolver quem assistiu ou dançou junto.

Um público de aproximadamente 5 mil pessoas acompanhou as apresentações, segundo estimou a Polícia Militar (PM). As escolas do grupo de acesso desfilaram por cerca de 50 minutos na avenida. As do grupo especial, por 1 hora. Por falta de lugares nas arquibancadas, muita gente teve que ficar em pé.

O presidente da Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande (Lienca), Eduardo de Souza Neto, explicou que a arquibancada e o restante da estrutura tiveram que ser assegurados de última hora junto à iniciativa privada porque a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) não pode bancá-la, como ficou prometido.

“Nós já havíamos antecipado para as escolas que teria que ser um carnaval mais compacto. Mas há um acordo com elas de que, com ou sem recurso, nós vamos para a avenida. Faltou arquibancadas, tem a questão da água, extintores, espaço para cadeirantes e para jurados que tivemos que correr atrás”.

ENREDOS

A escola Unidos do Aero Rancho cantou este ano o enredo “Troféu para o tema” que fala do desejo como uma obsessão – o sexual, o amoroso, o de justiça e o de ser campeão são alguns dos citados pelos intérpretes do samba. Carros alegóricos mais simples e a falta de alguns componentes fizeram o desfile ser o mais compacto entre as demais escolas. Satisfeito, o presidente da escola, Alberto de Matos, afirmou. “Isso não atrapalhou a alegria de quem estava lá, e tudo correu tranquilamente”.

Vindo em seguida, a entrada da escola Unidos do São Francisco surpreendeu pela comissão de frente. Doze índios terena fizeram a “Dança do Bate-pau” e iniciaram a apresentação com bastante movimento. “Índios guerreiros: a história dos guerreiros sul-mato-grossenses” se refere principalmente aos índios Guaicuru, conhecidos pela bravura, mas cita outras etnias presentes no Brasil e mistura a letra com uma marchinha. Segundo o presidente da escola, Ale Tlaes, eles foram homenageados porque são “os começos de nós” e têm papel fundamental na defesa dos recursos naturais.

Arildo Alcantara, liderança indígena, recebeu de forma positiva a homenagem. “Ficamos muito contentes de participar, ainda mais aqui em Mato Grosso do Sul, lugar onde lutamos pela demarcação de terras e onde já tivemos tantas perdas. Isso nos fortalece para que possamos buscar nossos direitos, nossos territórios, nossa educação e nossa saúde”, comenta.

Logo depois, a Unidos do Cruzeiro fez o público vibrar com “Mama África, Brasil tem seu sangue”. Foi a escola que apresentou o maior número de alas e também elaborou mais as fantasias, coreografias e todos os outros componentes. A homenagem, desta vez, era ao continente africano, o berço da civilização. O dourado e o samba no pé foram o destaque da noite.

A Cinderela foi a última a se apresentar. O enredo falava sobre os mistérios do universo, a destruição da terra e a urgência em salvar a natureza. A dança e a simpatia dos integrantes conquistaram o público que ficou na avenida até as 2h, quando o primeiro dia de desfile se encerrou. Nenhum incidente foi registrado na passarela.

O segundo e último dia de desfile acontece hoje, no mesmo local, a partir das 20h. Se apresentam as escolas Vila Carvalho, Igrejinha, Catedráticos do Samba e Deixa Falar.

CORTES

Segundo o presidente da Lienca, o desfile das escolas de samba de Campo Grande teve que assumir forma mais compacta este ano por causa do orçamento reduzido. A prefeitura da Capital não fez repasse em dinheiro para as escolas e nem para o carnaval de rua na Avenida Fernando Corrêa da Costa, e ainda, não arcou com a estrutura para que os desfiles fossem realizados.

O governo do Estado destinou R$ 250 mil, o mesmo valor cedido no ano passado. A verba foi rateada entre as nove escolas e a Lienca.

 Gerson Oliveira/Correio do Estado

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