26.8 C
Campo Grande
segunda-feira, 15 de setembro, 2025
spot_img

Financiamento da casa própria cai e volta ao nível de 2009

Publicado em 26/07/2017 14h51

Financiamento da casa própria cai e volta ao nível de 2009

Total de empréstimos não ficava próximo dos R$ 20 bilhões havia oito anos

R7

O volume de empréstimos para compra e reforma da casa própria com recursos da poupança fechou o primeiro semestre de 2017 em R$ 20,6 bilhões, divulgou nesta quarta-feira (26) a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), entidade que representa as financiadoras. O valor é o menor desde o segundo semestre de 2009, quando o total de financiamentos ficou em R$ 20,56 bilhões.

O valor considera somente os empréstimos feitos com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que até o ano passado era a principal fonte do financiamento imobiliário, mas acabou sendo superada pelas linhas de crédito com recursos do FGTS, que possuem regras próprias e acabam sendo mais caras.

O financiamento imobiliário viveu anos de bonança a partir de 2010 — atingindo a marca de R$ 59,6 bilhões no segundo semestre de 2014 —, impulsionado pelo nível do emprego, os juros baixos, as expectativas e confiança elevadas, além de programas públicos como o Minha Casa Minha Vida.

De lá para cá, no entanto, a crise econômica impactou o mercado. Os empréstimos com recursos da poupança sofreram uma queda de 65,5% no período. Os valores consideram empréstimos tanto para a compra de imóvel novo e usado como para reforma e construção da casa própria.

De acordo com o presidente da Abecip, Gilberto de Abreu Filho, o péssimo desempenho da economia e a instabilidade política são os principais responsáveis pelo baixo volume de empréstimos.

— Naquele momento [em 2014], o consumidor estava mais animado, estava empregado. Chegamos a emprestar R$ 114 bilhões.

Agora, diz Abreu Filho, a análise de crédito também está mais rigorosa, diferente de três anos atrás.

Na comparação com 2016, os números da Abecip mostram queda maior nos financiamentos para o setor de construção (-13,1%) em comparação ao de aquisições (-7,9%).

Para Luiz Antônio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), tanto clientes quanto instituições financeiras adotaram “uma postura mais conservadora” em razão das dificuldades econômicas e da instabilidade política.

— O alto patamar de juros, que vigorou nos últimos dois anos, foi também um forte inibidor para o mercado imobiliário. Fica menos atrativo para o cliente e o financiamento imobiliário se torna menos interessante ao banco, quando comparado a outras modalidades de crédito.

Representante dos vendedores de material de construção, o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, afirma que a escassez de crédito não tem influenciado o setor.

— O comércio de material de construção não vive do crédito imobiliário. A gente depende mais do consumidor que junta dinheiro e que faz financiamento de curto prazo.

Recuperação

O presidente da Abecip avalia que o mercado de financiamentos deve recuperar algum fôlego no segundo semestre deste ano. A redução da taxa básica de juros será o principal incentivador.

  • A gente espera ver mês a mês essa melhora dos recursos do SBPE. A queda no primeiro semestre foi de 9%, mas a expectativa é fechar o ano com queda de 3,5%. À medida que você consegue colocar mais dinheiro no mercado, e a taxas mais baratas, isso estimula o consumidor a comprar e também o construtor, e daí pode gerar um novo ciclo na economia.

Para França, da Abrainc, o mercado já está mostrando sinais de recuperação, com maior volume de vendas e lançamentos nos meses de abril e maio. Ele avalia que a confiança do comprador está voltando em razão da queda acentuada da inflação e dos juros.

Apesar da escassez de crédito, Conz prevê crescimento de 5% neste ano do mercado de material de construção . E vai melhorar mais, diz ele, “à medida que voltar o crédito, porque você tem que pensar que quando tem entrega [de imóvel], todo mundo faz adaptação”.

A retomada do setor, segundo os entevistados, também vai depender da redução do nível do desemprego, que ainda se mantém no patamar de 14 milhões de desempregados.

Retomada do setor depende do crescimento econômico
Getty Images

Fale com a Redação