O fonoaudiólogo Wilson Nonato Rabelo Sobrinho, de 30 anos, preso por abusar sexualmente de crianças em pleno atendimento dentro de uma clínica particular de Campo Grande, teve o pedido de liberdade negado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
O pedido de habeas corpus foi impetrado pela defesa do profissional relacionado ao processo que tramita na 7ª Vara Criminal de Campo Grande e foi negado, em caráter de liminar, pelo desembargador Paschoal Carmelo Leandro. O despacho foi publicado nesta terça-feira (26) no Diário da Justiça.
Conforme consta no processo, a defesa do doutor alegou que a prisão cautelar deve ser revogada já que estão presentes elementos necessários para concessão de liberdade provisória, com as condições subjetivas favoráveis: primário, possui ocupação lícita, residência fixa e não se apresenta como risco para ordem pública.
Wilson foi preso em flagrante no dia 9 de março em uma clínica no centro de Campo Grande, logo após tentar abusar de uma criança de oito anos de idade e que era seu paciente. Atualmente, ele está preso em uma ala especial do Centro de Triagem Anísio Lima, destinada aos detentos por crimes sexuais.
Na ocasião, o menino confessou para a mãe que estava sofrendo abusos sexuais e ela, com a ajuda de uma terceira pessoa, preparou o flagrante na clínica. O garoto saiu da sala correndo e chorando após o fono tentar passar a mão em suas partes íntimas.
Para evitar que o crime fosse descoberto, o médico não permitia que os pais e responsáveis acompanhassem o atendimento na sala. Após o primeiro caso ser divulgado, outras famílias procuraram a polícia para realizar denúncias. Mais de 30 crianças foram envolvidas pela Delegacia Especializada de Proteção à criança e ao Adolescente (DEPCA), sendo que sete confirmaram terem sido abusadas pelo fonoaudiólogo.
A investigação está a cargo da delegada Fernanda Mendes, da DEPCA, que deve ouvir todas as crianças atendidas pelo profissional por meio de psicólogos da unidade. Conforme apurado, só no ano passado, 75 crianças foram atendidas pelo fonoaudiólogo, mas a polícia estima que ele tenha atendido cerca de 200 pessoas.
As investigações sobre os casos de violência sexual contra crianças cometidos pelo suspeito indicam que ele escolhia as vítimas mais vulneráveis para cometer os abusos em uma tentativa de ficar impune. Ele usava doces e abordagens lúdicas para “ganhar a confiança” dos pacientes para abusá-los sexualmente.
“O pai de uma criança fez contato e disse que o fonoaudiólogo tampava os olhos das crianças, dava doce e usava a maneira lúdica para conseguir o que queria, ou seja, o abuso sexual”, relata a delegada titular do caso, Fernanda Mendes.