Publicado em 18/10/2017 16h24
Produtores cancelam negócios após suspensão das atividades em frigoríficos da JBS
Empresa suspendeu compra e abate nas unidades de carne bovina do estado após bloqueio de R$ 730 milhões determinado pela Justiça.
G1
A decisão da JBS de suspender compra e abate nas sete unidades de carne bovina de Mato Grosso do Sul deve refletir no mercado nos próximos dez dias. Segundo a Associação dos Criadores do estado (Acrissul), ainda não houve alteração dos preços, mas vários negócios deixaram de ser fechados.
O vice-presidente da Acrissul, Laucídio Coelho Neto, explicou que a suspensão vai impactar negativamente na economia do estado. A primeira consequência será o aumento da oferta de bovinos no mercado sem condições de absorver os animais, o que refletirá nos preços para o pecuarista e em perdas na arrecadação de impostos.
“O estado perde em arrecadação e perde de duas formas, perde diretamente com a diminuição dos abates e perde indiretamente porque toda a classe produtora suspende as suas compras. Eu não vou comprar mais nada porque não sei quando terei novos recursos”, afirmou Coelho Neto.
Os frigoríficos da JBS são responsáveis por metade dos abates de bovinos em Mato Grosso do Sul. As unidades devem continuam funcionando um ou dois dias apenas para zerar os estoques e atender encomendas já feitas.
“O consumidor do Mato Grosso do Sul não sentirá nada, porque Mato Grosso do Sul é abastecido pelas pequenas indústrias, e essas continuarão operando normalmente. Mato Grosso do Sul será privilegiado do ponto de vista do consumidor”, garantiu o vice-presidente da Acrissul.
Funcionários das unidades da JBS ficaram apreensivos. O temor é com demissões e atraso nos salários.
Na unidade da JBS que fica na BR-060, saída para Sidrolândia, funcionários chegaram para trabalhar no início da manhã. Apesar da notícia de que as atividades estavam suspensas, ninguém dispensou os trabalhadores.
Por meio de nota, a empresa anunciou que estava suspendendo por tempo indeterminado a compra e o abate de animais em sete unidades instaladas em seis municípios: Campo Grande, Anastácio, Cassilândia, Naviraí, Nova Andradina e Ponta Porã. O motivo, segundo a empresa, é a insegurança jurídica no estado.
Com apenas quatro meses de casa, o auxiliar de produção Lucas Pereira de Lima está com receio de perder o emprego. “O pessoal de dentro não fala nada, então a gente fica bem apreensivo, por uma questão de perder o emprego, fica com medo de trabalhar.”
Pelas informações da direção da JBS, os funcionários vão receber os salários normalmente até que a empresa tome uma decisão definitiva sobre o funcionamento dos frigoríficos. A empresa afirmou ainda que está tentando normalizar as operações e garantir o emprego de pelo menos 15 mil colaboradores.
Na manhã de terça-feira (17), funcionários da JBS protestaram na Assembleia Legislativa. Segundo o Sindicato dos Funcionários da Indústria de Alimentação, entidade que representa os trabalhadores, eles temem demissões e atraso no pagamento de salários por causa do bloqueio de bens da empresa que foi determinado pela Justiça. No perído da tarde, a empresa anunciou a suspensão da compra e dos abates nas unidades do estado.
A pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Irregularidades Fiscais e Tributárias de Mato Grosso do Sul, da Assembleia Legislativa, a Justiça determinou dois bloqueios de recursos da empresa: um de R$ 115,9 milhões e outro de R$ 614,7 milhões, totalizando R$ 730 milhões.
Os bloqueios foram pedidos pela CPI porque a empresa não cumpriu os compromissos assumidos nos Termos de Ajustes de Regimento Especial (Tare), para o recebimento de incentivos fiscais do governo do estado.



















