Uma confusão forçou o encerramento antes do previsto do julgamento do policial penal federal acusado de matar um servente de pedreiro no dia 24 de setembro de 2017. A sessão acontecia na manhã desta terça-feira (14) no Fórum de Campo Grande, mas uma discussão durante o interrogatório obrigou o juiz a suspender as atividades por 45 minutos. A briga envolveu um promotor de Justiça e um dos membros da banca de defesa.
Diante da situação, o juiz determinou que os jurados e o acusado fossem retirados do plenário, bem como toda a plateia. No entanto, os presentes no local continuaram discutindo com gritaria e ameaças. Com isso, sem condições para a continuidade dos trabalhos, o juiz registrou o episódio em ata, dissolveu o Conselho de Sentença e declarou encerrados os trabalhos. Agora, um novo julgamento será marcado, mas somente após a finalização dos processos que aguardam.
O crime
O crime aconteceu em um shows no estacionamento de um shopping da Capital. A vítima, de 23 anos, se envolveu em uma confusão no momento em que foi ao banheiro e acabou sendo baleado no peito pelo agente. Ele foi socorrido por uma equipe médica, mas não resistiu ao ferimento. O policial penal federal foi preso em flagrante e disse, na época, que reagiu a uma agressão.
Antes de o julgamento ser interrompido, o primo da vítima disse que nunca tinha o visto ele brigar ou se desentender com ninguém. No seu depoimento, citou ainda que o primo estava prestes a realizar o sonho de ser pai quando foi morto. O familiar estava com a vítima no momento que tudo aconteceu.
Segundo a versão dele, o policial penal federal estava escorado no banheiro, impedindo as pessoas de usarem o local. “Meu primo pediu licença porque queria usar o banheiro. Ele [o policial penal] me perguntou o que meu primo era meu e depois disse que era agente penitenciário. Meu primo perguntou o que ele tinha dito e aí começaram a brigar. O homem se desequilibrou e caiu no degrau, segurei meu primo, ele caiu, só ouvi o disparo. Olhei pro meu primo e ele estava cheio de sangue e o policial com a arma apontada”, relatou ao júri.
O advogado do réu, José Roberto Rodrigues, disse que o policial federal penal chegou a ser absolvido da acusação em um primeiro momento, mas que um recurso na segunda instância fez com que o processo voltasse a tramitar. “Se reconheceu, naquela fase, a legítima defesa própria e absolveu sumariamente meu cliente”. Ele comentou que sustenta essa tese. “Nós, da defesa, apresentaremos uma tese alternativa, dentro dos nossos pedidos, mas a principal é a legítima defesa”.