Uma malformação incurável cuja a origem ainda é desconhecida pela medicina, porém, existem médotos que podem ajudar a prevenir o problema durante a gestação. A Mielomeningocele produz lesões que não podem ser revertidas completamente e, por conta disso, é importante divulgar o assunto especialmente para mulheres gestantes, uma vez que a suplementação de ácido fólico antes e durante a gravidez ajuda a evitar o problema e previne o parto prematuro e a pré-eclâmpsia.
Nesta terça-feira (25), é celebrado em Campo Grande o Dia Municipal de Conscientização da Mielomeningocele, que tem como finalidade dar visibilidade à população sobre essa malformação congênita da coluna vertebral que acomete os fetos entre o 18 e 21 dias de gestação. A Lei Municipal 9.346/19 é de autoria do vereador Carlão (PSB) e busca informar quanto a necessidade de um diagnóstico precoce e acesso a tratamento especializado.
A data foi lembrada durante a sessão ordinária de hoje pelo vereador Dr. Jamal (PSDB). Na oportunidade, ele falou sobre essa medida preventiva. “É uma má-formação do sistema nervoso central, mais conhecida como espinha bífida. Pode estar associada a falta da suplementação com ácido fólico antes e durante a gestação, associada a dieta regular com alimentos ricos em vitamina B9”, citou ele, lembrando ainda da existência de vários casos diagnosticados em Campo Grande.
A mielomeningocele é o tipo mais grave de espinha bífida, no qual os ossos da coluna vertebral do bebê não se desenvolvem adequadamente durante a gestação, causando o aparecimento de uma bolsa nas costas que contém a medula, nervos e líquido cefalorraquidiano. Geralmente, o surgimento da bolsa da mielomeningocele é mais frequente no fundo das costas, mas pode surgir em qualquer local da espinha, fazendo com que a criança perca a sensibilidade e função dos membros abaixo do local da alteração.
Normalmente, o diagnóstico é feito logo ao nascimento com a observação da bolsa nas costas do bebê, mas existem outros sintomas, como a dificuldade ou ausência de movimento nas pernas, fraqueza muscular, perda de sensibilidade para calor ou frio, incontinência urinária e fecal e malformações nas pernas ou pés. A causa da mielomeningocele ainda não é muito bem estabelecida, no entanto acredita-se que é resultado de fatores genéticos e ambientais, sendo normalmente relacionada com histórico de malformações da coluna na família ou deficiência de ácido fólico.
Além disso, mulheres que fizeram uso de determinados medicamentos anticonvulsivantes durante a gestação, ou possuem diabetes, por exemplo, possuem mais chance do bebê ter mielomeningocele. O tratamento da mielomeningocele geralmente é iniciado nas primeiras 48 horas após o nascimento com uma cirurgia para corrigir a alteração na coluna e evitar o surgimento de infecções ou novas lesões na medula, limitando o tipo de sequelas.
Embora o tratamento com cirurgia seja eficaz para curar a lesão na coluna do bebê, não é capaz de tratar as sequelas. Isto é, caso o bebê tenha nascido com paralisia ou incontinência, por exemplo, não irá ficar curado, mas evitará o surgimento de novas sequelas que poderiam surgir por exposição da medula. Embora seja menos frequente, em alguns hospitais, também existe a opção de fazer a cirurgia para encerrar a mielomeningocele antes do final da gravidez, ainda dentro do útero da gestante por volta das 24 semanas, mas é um procedimento muito delicado que apenas deve ser feito por um cirurgião bem treinado, o que acaba tornando a cirurgia mais cara.
Espinha Bífida e Hidrocefalia
Outubro também é conhecido como o mês de conscientização da Espinha Bífida e Hidrocefalia. A Espinha Bífida é uma malformação que ocorre durante o desenvolvimento do feto nas primeiras semanas de gestação. Sua característica principal é a não fusão (disrafismo) de uma ou mais vértebras da coluna, podendo expor o seu conteúdo, tais como medula, meninges e nervos. Dependendo da extensão da lesão, as sequelas podem ser de leves a graves.
Cynthia Lescreck, mãe do Matheus Henrique, de 4 anos, nascido com Lipomielomeningocele (um dos tipos de espinha bífida) falou sobre a importância de divulgar essa malformação para iniciar o tratamento preventivo e a sua descoberta precoce, na gestação. O exame capaz de identificar a malformação é a ultrassonografia morfológica. Durante o pré-natal, é necessário que o obstetra faça a solicitação.
Dependendo do tempo de gestação (antes das 27ª semanas), é possível realizar uma cirurgia intrauterina para correção da malformação. A gestante deve procurar orientação médica para verificar a possibilidade. “Essa cirurgia tem sido a melhor escolha para o tratamento da Mielomeningocele, pois reduz consideravelmente as sequelas da malformação”, disse.
Caso seja diagnosticada após às 27 semanas, a gestante deve buscar ajuda especializada e, além do obstetra, ter o acompanhamento de um neurocirurgião pediátrico para que seja realizada a cirurgia de correção nas primeiras horas de vida do bebê, caso necessário.
As sequelas dependem muito da localização e extensão da lesão, podendo ser leves ou mais graves. Exemplos: bexiga neurogênica, intestino neurogênico, hidrocefalia, pé torto congênito, síndrome de Arnold Chiari II, alterações motoras, entre outros. “É necessário acompanhamento de vários especialistas durante toda a vida”, explica Cynthia, que é uma das representantes da ABSAM (Associação Brasileira Superando a Mielomeningocele) em Campo Grande e também faz parte do grupo de Mães e Mielos de Mato Grosso do Sul. Para saber mais sobre o grupo é possível entrar em contato com Cynthia pelo whatsapp (67) 99139-5335.