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quinta-feira, 15 de maio, 2025
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Cesta básica ideal para uma pessoa custa R$ 432 em abril, aponta IBGE

Renda de 70% da população é insuficiente para ter alimentação saudável

Um levantamento do Instituto Pacto Contra a Fome, divulgado nesta semana, revela um cenário alarmante da insegurança alimentar no Brasil. De acordo com o estudo, a cesta básica ideal para garantir uma alimentação saudável no país custava, em abril, R$ 432 por pessoa — o que representa 21,4% da renda média per capita do brasileiro, estimada em R$ 2.020, segundo dados da Pnad Contínua do IBGE.

A análise faz parte da edição de maio do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos e mostra que mais de 70% da população brasileira não tem renda suficiente para arcar com os custos de uma alimentação adequada, somada às demais despesas do dia a dia.

Mais preocupante ainda é o fato de que mais de 10% da população — cerca de 21,7 milhões de pessoas — vive com menos do que o valor necessário para adquirir essa cesta alimentar, composta por alimentos in natura e minimamente processados, conforme a proposta do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN), da USP. A seleção segue as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira e da Comissão EAT-Lancet, com foco em saúde e sustentabilidade.

“Essa estimativa revela que, mesmo sendo um direito garantido, a alimentação adequada está fora do alcance da maioria da população. Nosso objetivo é evidenciar a distância entre a garantia constitucional e a realidade econômica das famílias”, afirmou, em nota, Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Instituto Pacto Contra a Fome.

Pressão inflacionária sobre alimentos

O boletim também chama atenção para o impacto desproporcional da inflação sobre os alimentos. Em abril, o grupo Alimentação e Bebidas teve alta de 0,82%, pressionando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou aumento de 0,43% no mês. Alimentos como batata (18,29%), tomate (14,32%) e café moído (4,48%) lideraram a escalada de preços.

Segundo o instituto, a inflação alimentar afeta com intensidade até 2,5 vezes maior as famílias de baixa renda, agravando a desigualdade no acesso a itens básicos. Embora alguns produtos tenham registrado queda nos preços — como arroz (-4,19%), mamão (-5,96%) e feijão preto (-5,45%) —, a inflação segue concentrada em itens essenciais e sensíveis a variações sazonais e climáticas.

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