Mais de meio milhão de reais em espécie foram apreendidos pela Polícia Federal durante os cumprimentos dos mandados de busca e apreensão na Operação Vox Veritatis, desencadeada nessa quarta-feira (21) para apurar um esquema de corrupção nos contratos firmados por empresas com a Secretaria do Estado de Educação (SED) nos anos de 2021 e 2022, durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Ao todo, foram R$ 510.200,00 apreendidos nas casas, escritórios e sede de empresas localizadas em Campo Grande e no Rio de Janeiro (RJ). Os mandados foram expedidos contra cinco pessoas. Em apenas um local, no bairro Ipanema, na cidade fluminense, R$ 146.800,00 foram encontrados em um cofre. Naquele estado, mas em endereços não divulgados, foram apreendidos 16,7 mil euros, 2.692 dólares e 1.235 libras.
Segundo a PF, esse empresário tem firmas tanto em Mato Grosso do Sul quanto no estado do Rio de Janeiro, especialmente no ramo de calçados. O irmão dele trabalha na área da comunicação e marketing no estado sul-mato-grossense, com contrato em vigor envolvendo órgãos públicos. Nos imóveis, os policiais ainda apreenderam documentos e veículos de luxo.
Outro alvo ocupou o cargo de secretário-adjunto da SED e está entre os investigados na Operação Turn Off, deflagrada em 29 de novembro de 2023 pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) sobre um esquema de corrupção, com superfaturamento de contratos na mesma SED. Na época, foi exonerado dois dias depois que ofensiva aconteceu.
Durante o cumprimento dos mandados, a PF esteve em um apartamento na Rua das Garças, onde achou um cofre contendo R$ 363.400,00 em espécie. Para acessar a unidade, foi preciso arrombar a porta. O apê está no nome de outro envolvido no esquema, que também já é alvo de outra operação, a Terceirização de Ouro, de dezembro de 2022, que apurou fraudes em contratos com TCE-MS.
Operação Vox Veritatis
Equipes da PF, da CGU (Controladoria Geral da União) e da Receita Federal estiveram em diferentes endereços ao longo das primeiras horas desta manhã para cumprir nove mandados de busca e apreensão em cidades de Mato Grosso do Sul e também do Rio de Janeiro. Entre os alvos estão imóveis residenciais e sedes de empresas e prestadoras de serviços que tinham contrato com a SED.
No esquema, segundo a PF, empresários e servidores da SED manipulavam os contratos e as atas de registro de preços de outros órgãos públicos. Os fornecedores obtinham a garantia de que seriam contratados pela SED e, em contrapartida, pagavam uma comissão de 5% sobre o valor contratado aos empresários que faziam a intermediação com a SED. Parte dessa comissão era repartida com os servidores.
Em dois contratos o desvio chegou aos R$ 20 milhões, mas os investigadores acreditam que o valor total pode ser ainda maior. A operação é desdobramento de investigações anteriores, como a Operações Mineração de Ouro e Terceirização de Ouro. O nome Vox Veritatis é uma expressão latina para “voz da verdade” e foi escolhido para simbolizar o papel das instituições na revelação de fraudes ocultas.
Em nota distribuída à imprensa na manhã dessa quarta-feira (21), o Governo do Estado de Mato Grossodo Sul disse que acompanha os desdobramentos da Operação Vox Veritatis, desencadeada pela Polícia Federal contra um esquema de corrupção em contratos firmados com a Secretaria do Estado de Educação (SED) nos anos de 2021 e 2022, na gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Na versão do Governo, até o momento, nem a SED ou servidores ativos foram alvos diretos dos mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos. “As providências legais cabíveis serão tomadas tão logo tenhamos acesso e/ou haja andamento no processo”, destacou. “Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e lisura na gestão pública e reforçamos os instrumentos de controle e combate às ilicitudes”, completa a nota.