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domingo, 15 de junho, 2025
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Aliados de Bolsonaro já consideram condenação certa e planejam pedir prisão domiciliar

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que, apesar de um desempenho considerado positivo durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o resultado do julgamento por tentativa de golpe de Estado já está definido: a condenação e a prisão do ex-mandatário.

Nos bastidores, o entorno político de Bolsonaro admite que o cenário é difícil e que a principal estratégia, caso a condenação se concretize, será pedir a conversão da pena em prisão domiciliar. A justificativa será baseada em questões de saúde, sobretudo as complicações decorrentes da facada sofrida por Bolsonaro em 2018, durante a campanha eleitoral.

A avaliação entre os aliados se divide. Uma ala mantém um discurso de otimismo, repetindo a fala de Bolsonaro durante um dos intervalos dos interrogatórios: “Eu não tenho preparação para nada. Não tem por que me condenar. Estou com a consciência tranquila.”

Já outro grupo reconhece que a condenação é inevitável e faz duras críticas ao sistema judicial. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), foi direto: “Eu não acredito em Justiça quando a vítima, o acusador e o juiz são a mesma pessoa. Para mim, a sentença já está feita.”

O deputado Coronel Meira (PL-PE) seguiu a mesma linha. “É um julgamento onde a gente já sabe qual a decisão que vai ser tomada. Você está fazendo a parte formal, mas a decisão está tomada”, afirmou. Ele também criticou a atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR) no processo.

O ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) ainda demonstra alguma esperança de absolvição, mas admitiu a dificuldade: “É páreo duro, realmente.”

Sob reserva, outros aliados classificam o julgamento como um “jogo de cartas marcadas” e já trabalham com o cenário de prisão. O presidente da Comissão de Segurança da Câmara, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), elogiou a postura de Bolsonaro durante o depoimento, mas foi cético quanto à Justiça: “Está bem claro. Obviamente o sistema jurídico não funciona. Para mim, não há crime por parte do ex-presidente.”

Eleições 2026

Mesmo com o risco iminente de prisão, o PL não trabalha com outro nome para a disputa presidencial de 2026. Bolsonaro segue inelegível até 2030, após condenação pelo TSE em 2023, mas aliados garantem que ele continuará sendo o principal nome do partido.

Um interlocutor próximo ao ex-presidente, também sob condição de anonimato, afirmou que Bolsonaro planeja registrar a candidatura, mesmo que precise enfrentar obstáculos jurídicos. “Se ele for preso, por causa dos problemas de saúde, a vontade do Bolsonaro é pedir a prisão domiciliar”, disse.

Enquanto isso, lideranças da legenda garantem que o foco do momento está em outras pautas no Congresso, como o debate sobre o aumento de alíquotas do IOF, o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e a possível cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), atualmente licenciada.

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