A Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) manifestou preocupação com o novo aumento da taxa básica de juros, decidido nesta quarta-feira (7) pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A Selic subiu de 14,75% para 15% ao ano, alcançando o maior patamar desde julho de 2006. Esta é a sétima elevação consecutiva desde setembro de 2024.
Para o presidente da Fiems, Sérgio Longen, a medida aprofunda os desafios enfrentados pelas empresas brasileiras e agrava a perda de competitividade da indústria nacional frente aos produtos importados.
“É um cenário desanimador. Já enfrentamos uma concorrência acirrada com países asiáticos, e agora estamos perdendo espaço até mesmo para produtos norte-americanos e europeus. Com essa taxa de juros elevada, o Governo Federal está claramente desestimulando os investimentos no Brasil”, afirmou Longen.
Segundo ele, atualmente, muitas empresas estão pagando juros em torno de 20% ao ano, o que classifica como “primitivo e insustentável”. A dificuldade de acesso ao crédito, segundo Longen, aumenta os riscos e pode comprometer a saúde financeira de negócios em diferentes setores da economia.
“Com essa taxa, é natural que vejamos um aumento de pedidos de recuperação judicial. Há empresas que não conseguem mais rolar dívidas, e isso coloca em risco toda a cadeia produtiva”, alertou.
Efeitos fiscais preocupam
Longen também destacou o impacto fiscal da decisão do Banco Central. “A cada ponto percentual que a Selic sobe, o Governo Federal gasta cerca de R$ 50 bilhões a mais por ano com o pagamento de juros da dívida interna. Não existe sistema tributário que sustente esse custo sem comprometer ainda mais a economia”, apontou.
Além da Selic, o presidente da Fiems criticou o recente aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que, segundo ele, eleva ainda mais o custo do crédito e penaliza quem busca investir ou manter as atividades produtivas.
Justificativas questionadas
Para Longen, as justificativas apresentadas pelo governo e pelo Banco Central já não se sustentam. “Já usaram como desculpa a inflação, depois foi a guerra na Ucrânia, agora é o conflito entre Irã e Israel. Enquanto isso, a taxa de juros sobe de forma contínua e as empresas seguem asfixiadas”, finalizou o dirigente da Fiems.