Mato Grosso do Sul deu um importante passo para a construção de políticas públicas mais justas e inclusivas com o lançamento, na última quarta-feira (2), do Painel Panorama Racial. Trata-se de uma ferramenta inédita que reúne dados detalhados sobre a população dos 79 municípios do estado, com recortes por cor, raça e gênero.
Desenvolvido pelo Observatório da Cidadania, ligado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em parceria com a Secretaria de Estado da Cidadania e com apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia), o painel apresenta informações sobre educação, renda, moradia, religião e outros indicadores estratégicos. O objetivo é subsidiar políticas públicas mais eficientes, promover a equidade e fortalecer a cidadania no estado.
A plataforma oferece painéis visuais e interativos que permitem a análise dos dados por município e grupo étnico-racial, facilitando o entendimento das diversas realidades que compõem Mato Grosso do Sul.
Para a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, os dados são fundamentais para a transformação das políticas públicas. “Mais do que números, esse painel representa vidas e pessoas. É com esses recortes que conseguimos entender religião, raça, território, economia e trabalhar políticas que foram invisibilizadas por muito tempo”, afirmou.
O coordenador do Observatório da Cidadania, professor Samuel Oliveira, reforçou a importância de tornar visíveis essas realidades. “Sabemos que o que não é visível, não é percebido. E o que não se percebe, não se transforma. Queremos que as decisões públicas sejam guiadas por informações qualificadas e acessíveis para que todos participem das discussões”, destacou.
A subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte, ressaltou que a ferramenta amplia a capacidade de ação do governo ao evidenciar as necessidades locais com dados confiáveis. “Esses dados confirmam debates já existentes e fortalecem o diálogo com a sociedade”, disse.
Além do apoio às ações governamentais, o Painel Panorama Racial estimula a participação social na construção conjunta de soluções. A gestora da Divisão de Direitos Humanos de Rio Brilhante, Francis Jaqueline da Rocha, exemplificou a importância do acesso a dados específicos para efetivar políticas públicas no município.
Dados reveladores
O Painel mostra que 47% da população do estado se autodeclara parda, enquanto 42,4% se consideram brancos. Os grupos preto e amarelo apresentam os maiores índices de envelhecimento.
No campo educacional, as desigualdades também são evidentes: pessoas autodeclaradas amarelas na faixa dos 30 a 34 anos têm média superior a 14 anos de estudo, brancos cerca de 12 anos, e pretos e pardos, pouco mais de 11 anos.
Quanto à renda, homens brancos e amarelos da zona urbana possuem os maiores ganhos médios, enquanto pretos e indígenas registram as menores remunerações.
Sobre religião, o estado é dividido entre católicos (51,9%) e evangélicos (32,4%), com destaque para a participação feminina em religiões evangélicas, espíritas, de matriz africana e tradições indígenas.
Acesso público e atualização
O Painel Panorama Racial está disponível ao público no site do Observatório da Cidadania: www.observatoriodacidadania.ufms.br. A plataforma permite consultar dados por município e comparar indicadores entre grupos raciais, com atualização contínua prevista para incluir dados do Censo 2022 em breve.