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sábado, 12 de julho, 2025
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Após tragédia familiar, filha pede respeito: “Ela morreu protegendo o filho”

A dor de uma tragédia familiar ganhou voz neste sábado (5), após Thaysa Oruê Santos, filha de Michely Rios Midon Oruê, de 47 anos, assassinada a facadas em Glória de Dourados, publicar um emocionante vídeo nas redes sociais. No depoimento, ela desabafa sobre a morte da mãe, pede respeito à dor da família e defende o irmão, Alfredo Henrique Oruê dos Santos, de 21 anos, preso na última sexta-feira (4) suspeito de cometer o crime.

“Minha mãe morreu tentando proteger ele”, declarou Thaysa, emocionada. A fala foi direcionada ao irmão, acusado de ter matado a própria mãe. Segundo Thaysa, Michely sempre lutou para ajudar Alfredo a enfrentar a dependência química e os transtornos mentais que enfrentava.

No vídeo, Thaysa relata que estava em Maracaju quando soube da morte da mãe. Ao chegar em Glória de Dourados, encontrou a casa já limpa pelos amigos de Michely. “No momento em que deitei na cama dela, abracei a coberta dela, senti o cheiro dela, meu coração se acalmou e me veio uma vontade muito grande de encontrar meu irmão, mas pra proteger ele dele mesmo”, disse, em lágrimas.

Apesar do perdão que expressa hoje, Thaysa admitiu que, num primeiro momento, reagiu com revolta e chegou a acusar o irmão nas redes sociais. “Esse safado está foragido. Matou minha mãe a facadas. Nem posso chamar esse vagabundo de irmão!”, escreveu, em uma publicação na quinta-feira (3). Agora, ela diz compreender melhor a complexidade da situação.

Thaysa explicou que Alfredo era diagnosticado com transtorno bipolar, fazia tratamento com medicamentos e enfrentava uma longa batalha contra a dependência de drogas. Segundo ela, Michely havia se mudado de Sidrolândia para Glória de Dourados justamente para tentar ajudar o filho a se livrar do vício.

“O meu irmão tinha problema com drogas, com depressão. Ele é laudado, ele tem bipolaridade. Quando ficava sem a droga, ele tinha surtos. Já se jogou do segundo andar, já tentou se matar. Ele ficou internado. Longe disso tudo, ele era uma pessoa boa, carinhosa, amorosa”, contou.

No desabafo, Thaysa pediu que as pessoas parem de julgar o irmão e respeitem o luto da família. “Vocês não conheciam minha mãe, não conheciam meu irmão. Não sabem o que a gente passou. A minha mãe morreu tentando proteger ele, e ela sempre falou que, se precisasse, morreria por ele.”

Ela também criticou a propagação de fake news nas redes sociais e condenou o tráfico de drogas, que, segundo ela, foi o verdadeiro causador da tragédia. “Vocês querem culpar alguém? A gente tem que acabar com essas pessoas que vendem droga. A droga acabou com a minha família, acabou com a vida da minha mãe.”

Por fim, Thaysa pediu empatia e compreensão: “Eu sei que as pessoas ficam com raiva pela dor da gente, mas eu amo o meu irmão. Eu também tive raiva, mas foi só um momento. Agora a dor de enterrar minha mãe é tão grande, que eu só peço respeito.”

O caso

Michely foi assassinada na tarde de quinta-feira (3), com pelo menos cinco facadas, uma delas atingindo a região da jugular. Amigos desconfiaram do desaparecimento depois que ela parou de responder mensagens por volta do meio-dia. Por volta das 19h40, após arrombarem o portão da casa, encontraram o corpo dela nos fundos do imóvel.

Segundo o boletim de ocorrência, apenas Michely e o filho estavam na residência durante o dia. O marido dela trabalha fora da cidade. Após o crime, Alfredo fugiu com o carro da família, um Renault Logan branco, e foi preso na manhã de sexta-feira (4), em Dourados, a cerca de 80 km de distância.

O crime foi registrado como homicídio qualificado e feminicídio. Alfredo permanece sob custódia, à disposição da Justiça.

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