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sábado, 12 de julho, 2025
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Cúpula do Brics no Rio entra no último dia com foco em clima, saúde e governança global

A Cúpula do Brics 2025, realizada no Rio de Janeiro, chega ao seu último dia nesta segunda-feira (7), após um fim de semana de intensa agenda diplomática e política. O encontro, que reuniu líderes e representantes de países-membros e parceiros do bloco, consolidou declarações sobre paz global, reforma econômica e desafios climáticos, com destaque para a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como anfitrião.

A programação foi aberta no sábado (5) com o Fórum Empresarial do Brics, liderado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), e contou com a presença de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Os representantes brasileiros defenderam o multilateralismo, criticaram políticas protecionistas e reforçaram o potencial do Brasil na transição climática global.

“Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional. O Brics segue como fiador de um futuro promissor”, afirmou Lula.

Diplomacia bilateral e pedidos à China

Após o fórum, Lula recebeu líderes mundiais no Forte de Copacabana, onde realizou seis reuniões bilaterais. No encontro com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, o presidente brasileiro pediu a reabertura do mercado chinês para o frango brasileiro, suspenso após casos de gripe aviária. Li respondeu destacando a disposição de Pequim em ampliar a cooperação em áreas como economia verde, inovação tecnológica e aeroespacial.

Cúpula oficial e temas globais

A cúpula teve início formal no domingo (6), com a recepção de líderes da Índia, África do Sul, Egito, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Etiópia no Museu de Arte Moderna. Embora os presidentes da China, Rússia e Irã — Xi Jinping, Vladimir Putin e Masoud Pezeshkian — não tenham comparecido presencialmente, todos enviaram representantes. Putin participou por videoconferência.

Durante a sessão de abertura, Lula fez um discurso firme sobre as crises globais. “Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque. O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano”, alertou. Também defendeu a retomada do diálogo na guerra entre Rússia e Ucrânia, pedindo um cessar-fogo imediato.

A declaração final, divulgada no domingo à tarde, reúne mais de 120 parágrafos e aborda conflitos geopolíticos, economia, clima e inteligência artificial. Entre os destaques:

  • Guerra em Gaza: pedido por cessar-fogo imediato e incondicional, retirada das tropas israelenses e liberação de reféns.
  • Ucrânia: menção genérica à busca por um acordo de paz sustentável, sem críticas diretas à Rússia.
  • Irã: condenação a ataques militares contra o país, sem citar Israel ou EUA nominalmente.
  • Crise climática: cobrança por financiamento previsível aos países em desenvolvimento e críticas ao protecionismo disfarçado de política ambiental.
  • Inteligência artificial: defesa da soberania digital, regulação do setor e alerta para o uso da IA na desinformação.

Encerramento e próximos temas

Nesta segunda, os líderes voltam a se reunir para a tradicional “foto de família” e sessões plenárias com foco em meio ambiente, saúde global e a COP30, que será realizada no Brasil. Declarações específicas sobre esses temas devem ser divulgadas até o final do dia.

A Cúpula do Brics no Rio consolida o protagonismo brasileiro nas discussões multilaterais e marca um momento importante de reposicionamento do bloco em meio às disputas geopolíticas e à transição da ordem global.

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