26.8 C
Campo Grande
sábado, 12 de julho, 2025
spot_img

Sobretaxa de Trump a exportações brasileiras preocupa setor industrial de MS

Sérgio Longen alerta para impactos em setores estratégicos e diz que guerra tarifária não é a solução

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país, a partir de 1º de agosto, causou forte reação no setor produtivo de Mato Grosso do Sul. O presidente da Fiems (Federação das Indústrias de MS), Sérgio Longen, classificou a medida como “inaceitável” e defendeu o diálogo como única saída para evitar prejuízos econômicos à indústria nacional.

“Temos defendido a competitividade da indústria brasileira. Sobretaxar neste momento é algo difícil, é inaceitável nesses padrões”, afirmou Longen. Para ele, a estratégia adotada por Trump, que já atingiu outros países, agora prejudica diretamente o Brasil. “Não adianta de nada iniciarmos uma guerra tarifária. Precisamos propor, sentar à mesa e buscar uma solução democrática”, completou.

Impacto direto em MS

Segundo dados do Observatório da Indústria da Fiems, os Estados Unidos foram o segundo principal destino das exportações de Mato Grosso do Sul no primeiro semestre de 2025, atrás apenas da China. Entre janeiro e junho, o estado embarcou US$ 315,9 milhões em produtos para o mercado norte-americano, um crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Os produtos mais impactados serão carne bovina, ferro fundido e celulose — que juntos representam mais de 80% das exportações sul-mato-grossenses para os EUA. No caso específico do ferro fundido, os americanos são os maiores compradores. “Mato Grosso do Sul será afetado, claro. Temos aí cerca de 320 milhões de dólares já exportados neste ano. Esses três segmentos serão diretamente impactados pela tarifa”, destacou Longen.

Caminho diplomático

Longen também revelou ter discutido o tema com o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban. Ambos reforçaram a gravidade da situação e a importância de buscar uma solução diplomática. “Entendemos que a indústria nacional será afetada com essa sobretaxa, mas precisamos estimular o diálogo, que é a única forma de chegarmos a um consenso. Essa é uma questão que envolve os dois países e os dois precisam sentar à mesa para discutir os impactos dessa medida com seriedade”, concluiu.

Entenda a decisão

A sobretaxa foi anunciada por meio de carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o mandatário americano cita o ex-presidente Jair Bolsonaro — réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado — e menciona ordens judiciais contra apoiadores de Bolsonaro que vivem nos Estados Unidos como justificativa para a medida.

As tarifas começam a valer a partir de 1º de agosto e, segundo especialistas, podem desencadear uma crise diplomática e comercial entre os dois países.

Fale com a Redação