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sábado, 12 de julho, 2025
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“Les Garçons” estreia no MIS com reflexão sensível sobre solidão e memórias não vividas

Um restaurante francês abandonado pelo tempo, uma mesa posta à espera de alguém que nunca chega e dois personagens marcados por silêncios e ausências. Esse é o universo de “Les Garçons”, curta-metragem de ficção que estreia nesta quinta-feira (10), às 19h, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande. A exibição é gratuita e contará com acessibilidade comunicacional – incluindo legendas, intérpretes de Libras e bate-papo com a equipe.

Dirigido por Bruno Nishino e Marco Calábria, com roteiro de Breno Moroni e direção de fotografia de Deivison Pedrê, o filme mergulha em temas como solidão, memória e os amores que não se viveram. Gravado em Corumbá, o curta é uma adaptação da peça homônima escrita por Moroni em 2004, em Portugal, e traz à tona uma carga afetiva marcante, ligada à memória do ator português Francisco Adam, que participou da montagem original e faleceu pouco depois da estreia.

“O filme é uma homenagem. Uma dívida afetiva com a trajetória do Francisco”, explica Moroni, que tem mais de 50 anos de carreira e transita entre teatro, TV e cinema. A trama também tem inspiração pessoal: “Minha mãe, em estado terminal, me pediu uma última refeição. Preparei tudo, mas jantei sozinho. Essa peça também é para ela”, revela.

No curta, o cenário ganha protagonismo: um maître idoso (Fábio Arruda) espera por alguém que nunca chega, enquanto um jovem garçom (Salim Haqzan) busca apenas cumprir seu trabalho e ir embora. “Tudo está suspenso no tempo. A ausência é quase um personagem”, define Salim, também responsável pela direção de arte. “Pesquisei por seis meses. Muitos objetos foram emprestados por famílias de Corumbá. Cada detalhe foi pensado para carregar história.”

A transposição da peça para o cinema demandou mudanças profundas. O tom cômico deu lugar ao drama introspectivo, e os elementos circenses foram retirados para abrir espaço a reflexões sobre guerra, fome, velhice e arrependimentos. “O humor agora é sutil, quase um sussurro. Ele abre caminho para a dor”, diz Moroni. “É a comédia como porta, e o drama como travessia.”

Estética, trilha e exibições
Visualmente, o curta remete à pintura francesa do século XIX, e a trilha sonora é assinada pelo grupo Flor de Pequi, evocando uma atmosfera delicada e nostálgica. “O cinema é uma máquina do tempo. Deve servir à transformação da sensibilidade e da empatia”, resume o roteirista.

Além da estreia em Campo Grande, o filme terá nova sessão nesta sexta-feira (11), também às 19h no MIS. Exibições estão previstas ainda em Nova Andradina e Corumbá, sempre seguidas por conversas com profissionais das áreas de psicologia, direito e cultura.

O MIS fica na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, 3º andar, no Centro da Capital. A entrada é gratuita.

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