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sábado, 12 de julho, 2025
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Lula afirma que Brasil quer negociar, cobra respeito e ameaça retaliação a tarifas dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao Jornal Nacional, na noite desta quinta-feira (10), comentou as recentes tarifas anunciadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros exportados, afirmando que o Brasil deseja negociar, mas cobra respeito às decisões brasileiras e não descarta responder com tarifas iguais caso não haja acordo.

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Ao ser questionado pela repórter Delis Ortiz sobre a Lei da Reciprocidade diante da ameaça do presidente americano Donald Trump de aumentar tarifas caso o Brasil aplique tributos, Lula afirmou que “a ingerência de um país na soberania de outro é inaceitável”. Ele criticou a intromissão de Trump no Judiciário brasileiro, ressaltando que “a Justiça aqui é autônoma e respeita a presunção de inocência”. Lula também contestou o argumento dos EUA sobre déficit comercial, destacando que, nos últimos 15 anos, o Brasil acumulou um superávit de R$ 410 bilhões na balança comercial com os americanos.

“O Brasil não quer brigar com ninguém. Quer negociar e que sejam respeitadas as decisões brasileiras. Se o presidente Trump insistir nas taxações, a resposta do Brasil poderá ser proporcional e ilimitada”, alertou Lula.

Sobre as motivações políticas dos ataques americanos, que aconteceram após críticas feitas pelo presidente brasileiro durante o encontro dos Brics, Lula negou qualquer relação entre suas declarações e as tarifas. Ele destacou a importância do Brics como um bloco que representa quase metade da população mundial e cerca de 30% do PIB global, e afirmou que o Brasil busca maior independência nas políticas comerciais, inclusive discutindo alternativas para o comércio sem o uso do dólar.

Lula ainda respondeu a críticas por sua visita à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, condenada por corrupção, e afirmou que o fez a pedido da Justiça argentina para uma visita humanitária, defendendo o respeito à autonomia das instituições brasileiras e argentinas.

Questionado sobre o papel do setor empresarial na formulação da resposta brasileira, Lula declarou que pretende reunir os principais exportadores para dialogar e tentar negociar antes de aplicar a Lei da Reciprocidade. “Quem acha que o Brasil deve ceder a qualquer pressão externa não tem orgulho do país”, disse.

Sobre o contato com o governo Trump, Lula explicou que enviou uma carta parabenizando sua eleição, mas que não houve oportunidade para conversas diretas até o momento. “Não ligo para presidente para contar piada. Quando houver motivo, não terei problema em ligar”, garantiu.

Por fim, o presidente ressaltou que o Brasil seguirá buscando soluções via Organização Mundial do Comércio (OMC) e com aliados internacionais, e que o respeito entre países deve prevalecer para manter relações saudáveis.

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