Com o objetivo de fortalecer políticas públicas e ações voltadas à geração de renda para pessoas em situação de vulnerabilidade, Campo Grande (MS) sediou o “Workshop Centro-Oeste: Dados que transformam, ações que incluem” – uma iniciativa do Sebrae Nacional para fomentar a inclusão socioprodutiva no país. O evento reuniu, nesta terça-feira (29), colaboradores da instituição nos estados da região Centro-Oeste e representantes de órgãos públicos e privados parceiros para discutir estratégias que impulsionem a empregabilidade e o empreendedorismo em territórios vulneráveis.
Para o Sebrae, a inclusão produtiva é um processo estratégico de geração de renda e emancipação econômica, seja por meio do empreendedorismo ou da empregabilidade. A escolha de Mato Grosso do Sul como sede do encontro reforça o reconhecimento da atuação estratégica do Sebrae/MS no tema, principalmente por meio do programa Cidade Empreendedora, que retorna em 2025 com um trabalho mais robusto em parceria com o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
“O Sebrae pode contribuir significativamente para a inserção produtiva de populações que estão à margem da atividade econômica. Mas esse não é um trabalho que fazemos sozinhos. Atuamos em parceria com as secretarias de assistência social dos municípios e outras instituições para fortalecer as políticas públicas voltadas às comunidades vulneráveis. A partir de dados e diagnósticos locais, conseguimos construir coletivamente estratégias que complementam as políticas públicas e promovem o surgimento de novos empreendedores. O objetivo é preparar essas pessoas para enfrentar desafios, elevar a autoestima e desenvolver produtos que agreguem valor e possam ser comercializados”, pontua o diretor de Operações do Sebrae/MS, Tito Estanqueiro.
De acordo com a analista de Inclusão Produtiva do Sebrae Nacional, Helena Rego, o Sistema Sebrae está empenhado em ampliar sua atuação na temática. “Nosso desafio é acolher esse público diverso, que inclui pessoas com histórico de pobreza geracional, e mostrar que o Sebrae também é para elas. O movimento nacional de inclusão socioprodutiva tem buscado aproximar o Sebrae das comunidades por meio de articulações com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e da criação de metodologias que conectem os serviços de apoio ao empreendedorismo com as redes de proteção social”, disse.
Como parte da programação do evento e para municiar o trabalho técnico das equipes presentes, foram divulgados dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Sebrae Nacional, por meio da metodologia “Data Favela”. O estudo apontou que 67% dos moradores de comunidades no país têm a intenção de crescer no empreendedorismo.
Carolina Tonussi, gerente de pesquisa do Instituto Locomotiva, destaca a importância de fortalecer a autoestima e oferecer suporte técnico e estrutural para esses empreendedores. “A nossa pesquisa foi realizada em nível nacional, com recortes específicos para o Centro-Oeste, e o que observamos é que os empreendedores de territórios vulneráveis, como favelas e comunidades periféricas, compartilham demandas transversais. A informalidade gera um efeito cascata que impacta diretamente a sustentabilidade desses negócios”, explicou.
Parcerias que fortalecem a inclusão socioprodutiva
O workshop contou com palestras como “A inclusão produtiva como resultado dos programas sociais do estado”, com Patrícia Cozzolino, secretária de Assistência Social e dos Direitos Humanos e Defensora Pública em MS. Ela defendeu que a inclusão socioprodutiva precisa ser entendida como uma estratégia para transformar programas sociais em políticas estruturantes, e não apenas em mecanismos de transferência de renda.
“Em países com realidades semelhantes à do Brasil, os programas sociais devem promover a mobilidade social, pensando não apenas no indivíduo, mas em toda a unidade familiar. Quando uma pessoa da família se capacita e consegue um emprego, o Estado deve continuar acompanhando essa família, garantindo que os demais tenham acesso à educação, saúde e outras políticas públicas. Muitas vezes, mesmo com um salário-mínimo, essa pessoa ainda precisa do apoio da transferência de renda e de programas para que a família como um todo consiga avançar. A inclusão produtiva promove autonomia e autossuficiência”, disse a secretária.
O promotor de justiça e atual presidente da Associação Sul-Matogrossense de Membros do Ministério Público (ASMMP), Fabrício Secafen Mingati também participou do evento. “Toda parceria e forma de trabalho conjunto são fundamentais para o sucesso de qualquer projeto. A atuação integrada entre o Ministério Público e o Sebrae é um exemplo claro dessa interface colaborativa, porque estamos unidos por um mesmo objetivo: a promoção do bem comum. O fortalecimento do empreendedorismo e da inclusão no mercado de trabalho é uma das formas mais eficazes de alcançar esse propósito”, afirmou.
O evento encerrou com o compromisso das instituições presentes em ampliar o alcance das políticas de inclusão produtiva, fortalecer parcerias e qualificar ações para tornar o desenvolvimento mais inclusivo e duradouro.
