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quarta-feira, 20 de agosto, 2025
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Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida tem adesão abaixo da expectativa do governo

A nova Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, voltada para a classe média, ainda não atingiu o ritmo esperado pelo governo federal. Lançada em maio deste ano, a modalidade registrou até agora 8.512 contratos assinados, o equivalente a R$ 2,15 bilhões em financiamentos, segundo dados da Caixa Econômica Federal.

A meta oficial é contemplar cerca de 120 mil famílias em 12 meses, com média de 10 mil contratações por mês. No entanto, em três meses de operação, o volume total ainda não chegou a 10 mil contratos.

Para a Caixa, o desempenho inicial reflete o tempo de maturação do novo produto. “Está abaixo da curva esperada. Entretanto, a gente acredita que isso seja em função justamente do tempo de maturação”, afirmou Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social da CBIC, em coletiva nesta segunda-feira (18).

Segundo ele, antes da criação da Faixa 4, o público com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil não era contemplado pelo programa. Além disso, a classe média é mais sensível ao impacto da taxa Selic, hoje em 15% ao ano.

“Quando foi lançado, o mercado não estava preparado, e o volume de oferta para essa faixa estava reduzido. Prova disso é que a participação do imóvel usado está sendo bem significativa”, avaliou Duarte. A expectativa, segundo o setor, é de que novos lançamentos direcionados a essa faixa cresçam nos próximos meses, impulsionando as vendas.

Regras da nova faixa

A Faixa 4 permite financiar imóveis de até R$ 500 mil com prazos de até 420 meses (35 anos). Os juros nominais são de 10% ao ano, inferiores aos praticados no mercado com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

  • Para imóveis novos, a cota de financiamento pode chegar a 80%.
  • Para usados, o limite é de 60% no Sul e Sudeste e de 80% nas demais regiões.

Desempenho do programa

Apesar da lenta adesão da classe média, o programa habitacional como um todo apresentou crescimento. No primeiro semestre de 2025, foram vendidas 95.483 unidades, um aumento de 25,8% em relação ao mesmo período de 2024.

No entanto, houve queda de 10,1% nos lançamentos do segundo trimestre, refletindo cautela do setor. O Minha Casa, Minha Vida respondeu por 47% dos lançamentos imobiliários no período, ante 53% no mesmo trimestre do ano passado.

Expansão do público

Além da Faixa 4, o governo reajustou em maio os limites das demais faixas do programa:

  • Faixa 1: renda familiar de até R$ 2.850;
  • Faixa 2: renda entre R$ 2.850,01 e R$ 4.700;
  • Faixa 3: renda entre R$ 4.700,01 e R$ 8.600.

Agora, o programa abrange famílias com renda de aproximadamente R$ 2 mil a R$ 12 mil, incluindo trabalhadores formais, autônomos e informais. O uso do FGTS e a possibilidade de compor renda entre mais de uma pessoa ampliam as chances de aprovação do financiamento.

Para o setor, informação e orientação ao consumidor são pontos decisivos. “Muitas pessoas adiam ou até desistem do sonho da casa própria por falta de informação sobre como funciona o processo de compra e financiamento de um imóvel pelo programa habitacional do governo”, destacou Thiago Ely, diretor-executivo da MRV.

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