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sexta-feira, 12 de setembro, 2025
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STF condena Bolsonaro e aliados por trama golpista, mas defesas ainda podem recorrer

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados por envolvimento em uma trama golpista. As penas, no entanto, não começam a ser cumpridas de forma imediata, já que as defesas ainda podem recorrer da decisão.

Com a publicação do acórdão, os advogados dos réus terão direito a apresentar embargos de declaração, recurso utilizado para esclarecer eventuais omissões ou contradições no texto do julgamento. Em geral, esse tipo de recurso não altera o resultado e costuma ser rejeitado.

As defesas também cogitam recorrer por meio de embargos infringentes, que poderiam levar o caso a nova análise pelo plenário do STF. Porém, tradicionalmente, esse instrumento exige mais de um voto divergente — e, neste caso, apenas o ministro Luiz Fux se posicionou contra a maioria.

Situação de Bolsonaro e aliados

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, além de ficar inelegível por oito anos. Outros nomes próximos a ele também receberam penas elevadas:

  • Walter Braga Netto: 26 anos de prisão;
  • Almir Garnier: 24 anos;
  • Anderson Torres: 24 anos;
  • Augusto Heleno: 21 anos;
  • Paulo Sérgio Nogueira: 19 anos;
  • Alexandre Ramagem: 16 anos e perda do mandato parlamentar;
  • Mauro Cid: 2 anos em regime aberto, beneficiado por delação premiada.

Além das penas, o STF fixou indenização mínima de R$ 30 milhões por danos morais coletivos, a ser paga de forma solidária pelos condenados (exceto Mauro Cid). Também foi declarada a perda de cargos públicos de Ramagem e Torres, ambos delegados da Polícia Federal.

O tribunal ainda determinou que, após o trânsito em julgado, seja oficiado o Superior Tribunal Militar (STM) para avaliar a perda de posto e patente de Bolsonaro e outros militares da reserva cujas penas superam dois anos.

Defesa promete recorrer

Em nota, os advogados de Bolsonaro classificaram as penas como “absurdamente excessivas e desproporcionais” e afirmaram que irão interpor todos os recursos possíveis, inclusive em instâncias internacionais. “Continuamos a entender que o ex-presidente deveria ter sido julgado pela primeira instância ou pelo plenário do Supremo. A falta de tempo hábil para analisar a prova impediu a defesa de forma definitiva”, disseram Paulo Amador Bueno e Celso Vilardi.

O advogado Paulo Amador Bueno também afirmou que tribunais internacionais poderão ser acionados, sob a alegação de “violação de direitos humanos”.

Caso Mauro Cid

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, deve pedir ao STF que o período já cumprido em prisão preventiva e com tornozeleira eletrônica seja descontado de sua pena de dois anos em regime aberto. O argumento é de que o militar já teria cumprido a pena durante as investigações.

Próximos passos

Com a decisão da Primeira Turma, os condenados passam a ser inelegíveis por oito anos, nos termos da Lei da Ficha Limpa. Entretanto, as penas só serão aplicadas após o trânsito em julgado, quando não houver mais possibilidade de recurso no Judiciário brasileiro.

Até lá, o caso pode se arrastar com novos recursos internos e, eventualmente, em tribunais internacionais.

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