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terça-feira, 16 de setembro, 2025
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Copom inicia reunião e deve manter Selic em 15% ao ano, maior nível desde 2006

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central iniciou nesta terça-feira (16) a reunião para definir a nova taxa básica de juros da economia brasileira. O resultado será divulgado na quarta-feira (17), durante a chamada “superquarta”, quando também sai a decisão do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos).

Atualmente, a Selic está em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. A expectativa do mercado financeiro é de manutenção desse nível, após o comitê ter interrompido, no encontro anterior, o ciclo de sete altas consecutivas iniciado em setembro de 2024. A nova taxa valerá por ao menos 45 dias, até a próxima reunião dos diretores do BC.

Na ata mais recente, o colegiado reforçou que a política monetária seguirá “significativamente contracionista” por um período prolongado, diante da persistência das expectativas de inflação desancoradas.

Superquarta no Brasil e nos EUA

A decisão ocorre em meio à “superquarta”, quando autoridades monetárias brasileiras e norte-americanas anunciam, no mesmo dia, suas posições sobre juros. Nos Estados Unidos, o Fed deve promover o primeiro corte de 2025, reduzindo a taxa em 0,25 ponto percentual, movimento visto como resposta à pressão do presidente Donald Trump por estímulos à economia.

O banco central norte-americano também enfrenta turbulência política após Trump solicitar, no último domingo (14), a demissão da diretora Lisa Cook. A defesa da economista alega que não há fundamentos legais para a medida e alerta para riscos à estabilidade econômica caso o tribunal de apelações aceite o pedido.

Cenário doméstico e projeções

Segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a expectativa do mercado é que a Selic encerre 2025 em 15% ao ano. Para 2026, a projeção caiu de 12,50% para 12,38% e, para 2027, foi mantida em 10,50%.

De acordo com análise da Warren Investimentos, a manutenção da taxa reflete a desaceleração da atividade econômica, a acomodação dos dados de crédito e a valorização do real frente ao dólar. Pressões pontuais sobre os preços, ligadas ao mercado de trabalho, também pesam sobre a decisão.

O início de um ciclo de cortes na Selic é projetado apenas para janeiro de 2026, com uma redução de 0,25 ponto percentual. O ritmo, no entanto, dependerá do comportamento da inflação medida pelo IPCA e da evolução do mercado de trabalho.

O papel da Selic

A Selic é o principal instrumento de controle da inflação no Brasil. Em níveis elevados, encarece o crédito, restringe o consumo e a produção e contribui para conter pressões inflacionárias. Na prática, afeta diretamente financiamentos, empréstimos e o custo do cartão de crédito.

Histórico recente

Entre agosto de 2022 e junho de 2023, a Selic permaneceu em 13,75% ao ano. Depois, sofreu seis cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual e outro de 0,25, chegando a 10,5% em maio de 2024. Esse patamar durou até setembro, quando começou a atual trajetória de alta, que levou os juros a 15% — o maior nível em quase duas décadas.

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