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terça-feira, 30 de setembro, 2025
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Ministro da Fazenda critica juros altos e denuncia avanço das facções no país

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um alerta contundente sobre a atuação das facções criminosas no Brasil. Segundo ele, o crime organizado, com alto grau de sofisticação, já não se limita ao tráfico de drogas e começa a “invadir setores organizados da sociedade”, alcançando a política, o serviço público e até a magistratura.

A declaração foi dada no podcast 3 Irmãos, em que Haddad comentou os desdobramentos da Operação Spare, que revelou um esquema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) em motéis, franquias comerciais e postos de combustíveis.

De acordo com a Receita Federal, a investigação identificou 21 CNPJs ligados a 98 motéis e centenas de postos de combustíveis controlados por empresas de fachada. O esquema permitia ocultar recursos ilícitos e reinserir o dinheiro no mercado formal.

“Não tem como enfrentar o crime organizado sem inteligência organizada”, afirmou o ministro, defendendo maior integração entre os órgãos de fiscalização. Ele destacou que parte desse esforço será reforçada com a criação da Delegacia de Combate a Fraudes Estruturadas e ao Crime Organizado da Receita Federal, responsável por mapear fraudes complexas e conexões do crime com a economia real.

Banco Central e juros

No mesmo programa, Haddad também falou sobre a independência do Banco Central. Para ele, a autonomia da instituição já existia desde o Plano Real, sendo apenas formalizada pela lei aprovada em 2021.

“O Banco Central no Brasil é independente há muito tempo. A lei só consolidou o que já acontecia na prática”, disse, ressaltando que mantém uma relação de franqueza com o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Apesar de reconhecer a autonomia, Haddad voltou a criticar a política monetária. Segundo ele, a taxa Selic está “muito alta”, o que dificulta a rolagem da dívida pública e reduz o potencial de crescimento econômico. “O Brasil vem crescendo mesmo com esse nível elevado, mas uma taxa menor poderia impulsionar ainda mais a economia”, avaliou.

O ministro também assegurou que a dívida pública é monitorada de forma constante por órgãos como Banco Central, Tesouro Nacional e TCU, reforçando a credibilidade das estatísticas fiscais.

Recuperação judicial em debate

Outro tema abordado por Haddad foi o uso da recuperação judicial, instrumento criado para socorrer empresas em crise financeira. Ele disse enxergar sinais de mau uso do mecanismo em alguns setores.

“Tem um ‘abusozinho’ do uso da recuperação judicial em alguns segmentos, que nunca tiveram esse tipo de coisa”, afirmou.

Segundo o ministro, a equipe econômica avalia mudanças para evitar distorções, já que algumas empresas estariam recorrendo ao processo sem enfrentar reais dificuldades, em busca de benefícios indevidos.

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