Mato Grosso do Sul está desenvolvendo um protocolo de cooperação técnica para padronizar o atendimento de urgências em saúde mental, integrando diferentes instituições e garantindo que emergências psiquiátricas recebam resposta rápida e eficaz, assim como outras crises de saúde.
A iniciativa foi discutida em reunião organizada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o Samu e a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau). Durante o encontro, foram debatidos os desafios do atendimento imediato, desde a chegada das equipes ao local até o encaminhamento do paciente às unidades de referência. “Essa integração é essencial para salvar vidas e oferecer atendimento humanizado em situações de crise”, destacou Arielle Jheniffer dos Reis, coordenadora de Áreas Temáticas e Saúde Mental da SES.
O novo fluxo pretende fortalecer a articulação entre saúde e segurança pública, trazendo mais clareza para os profissionais de linha de frente e segurança para os pacientes. Uma nova reunião já está prevista para consolidar as propostas e finalizar o termo, que definirá papéis e responsabilidades de cada instituição, garantindo maior agilidade no tempo-resposta.
Emergência psiquiátrica como prioridade
O protocolo reforça que situações de emergência psiquiátrica, incluindo tentativas de suicídio, devem ser tratadas com a mesma prioridade de outras emergências de saúde.
O trabalho é conduzido pelo Comitê Estadual de Prevenção ao Suicídio (CEPS), que voltou a funcionar em Mato Grosso do Sul em 2024. O CEPS reúne representantes de secretarias estaduais, conselhos profissionais, universidades e municípios, acompanhando dados epidemiológicos e propondo estratégias de prevenção e promoção da saúde mental. “O alinhamento entre as secretarias e o Samu representa um passo essencial para o fortalecimento das políticas públicas de saúde e segurança no Estado”, reforça Arielle.
As orientações do comitê estão sendo compiladas em uma nota técnica, que indicará fluxos de acolhimento e encaminhamento adequados, com cuidado integral e humanizado, e será publicada ainda este ano.
Integração e expansão da rede
As pactuações do CEPS fortalecem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), ampliando a integração entre serviços, qualificando o atendimento em crises e consolidando estratégias de prevenção e promoção da vida. O Plano de Ação 2025–2027 do comitê estabelece quatro eixos estratégicos:
- Integração intersetorial — fluxo único em todas as macrorregiões.
- Gestão do cuidado — educação contínua e capacitações regionais.
- Vigilância — notificação sistemática, boletins e painéis de monitoramento.
- Prevenção comunitária — ações em escolas, campanhas e oficinas locais.
Segundo Arielle, o protocolo permitirá atendimento mais rápido e humanizado, acesso a serviços especializados próximos da residência do paciente e reforço da cobertura da rede pública estadual e municipal.
Expansão histórica da saúde mental no Estado
O avanço nos fluxos de urgência ocorre junto à expansão da cobertura de saúde mental em Mato Grosso do Sul:
- 2022: 33 CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) no Estado.
- 2025: 40 CAPS, incluindo a habilitação do CAPS de Amambai.
- Meta até 2029: 56 CAPS, alcançando 87% dos municípios (69 cidades contempladas).
O crescimento foi viabilizado pelo Plano de Ação Regional (PAR), aprovado por meio da Resolução CIB/SES nº 864, que prevê também a criação de 17 novos CAPS, 3 CAPS regionais, 2 SRT regionais, 2 SRT municipais e 1 Unidade de Acolhimento Adulto municipal.
Com essas medidas, o Estado busca oferecer atendimento integral, humanizado e ágil, consolidando políticas públicas de saúde mental mais efetivas para toda a população.