Uma investida realizada por equipes da Vigilância Sanitária, Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da Vigilância Sanitária realizaram uma varredura durante a noite passada nos estabelecimentos comerciais da região central de Campo Grande contra a venda e o consumo de bebidas clandestinas, feitas a partir da mistura do metanol.
Saiba mais:
+ Polícia apura possível primeira morte por intoxicação de metanol em Campo Grande
+ MPMS instaura inquérito e dá prazo de 10 dias para órgãos e associações se manifestarem sobre bebidas falsas
+ Veja orientações, sinais de alerta e cuidados para evitar o consumo de bebidas falsas
+ Ministério da Saúde inclui morte em MS em balanço nacional de metanol
Chamada de Operação Metanol, a investida vistoriou o total de 12 estabelecimentos e não encontrou irregularidades e não houve apreensão de produtos ilegais ou adulterados. Durante os trabalhos, os agentes fiscalizaram bebidas, rótulos, registros nos órgãos competentes e lacres.
O objetivo da ação foi de prevenir os riscos ao consumidor. “Estamos fazendo um trabalho preventivo para que não haja intoxicação ou consumo indevido. Verificamos o fornecimento e a procedência das bebidas de todos os estabelecimentos e ambulantes da região”, completou fiscal da Vigilância Sanitária, Atacino Teixeira.
Kliferson Rezende, dono de um bar recém-inaugurado na região, destacou a importância da fiscalização para fortalecer o setor. “As pessoas ficam receosas, mas quando veem que os bares estão sendo fiscalizados e que está tudo certo, se sentem mais seguras para continuar frequentando. É uma forma de proteger todo mundo,” disse.
A Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), acompanhada da Vigilância Sanitária e do Procon-MS, também fiscalizam uma festa tipo rave que acontece neste sábado (4), no Autódromo Internacional de Campo Grande. As equipes vistoriaram o bar, mas não há informações sobre apreensões.
Casos suspeitos aumentaram no Brasil
Também neste sábado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que já são 127 casos suspeitos de intoxicação por metanol em todo o país. “Não teve aumento de confirmação laboratorial. O que teve foi o aumento de suspeita clínica”, disse, em coletiva na cidade de Teresina (PI).
Do total de casos, 11 foram confirmados em laboratório, de acordo com Padilha. Até o momento, 12 estados notificaram o Ministério da Saúde de pelo menos um caso suspeito de intoxicação por metanol. Entre esses, um é em Campo Grande.
A vítima local tinha 21 anos e consumiu uma garrafa de whisky no sábado (27) e cachaça no domingo (28), na quinta-feira (2) passou mal, com dores no estômago, náuseas e vômito e foi levado até a UPA, onde sofreu crise convulsiva e parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Como parte da investigação, a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) e a Garras (Delegacia de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), além da Vigilância Sanitária e do Procon/MS, deflagraram uma operação em um mercado e uma conveniência próxima à casa da vítima.
O indicativo é de que ele comprou as bebidas que consumiu nestes locais no último final de semana. No mercado, os policiais recolheram duas caixas de cachaça da mesma marca consumida pela vítima. Foi encontrada uma garrafa cheia de vodka em volume incomum, o que pode indicar adulteração.
Já na conveniência, foram recolhidas três caixas de cachaça do mesmo lote das que foram apreendidas no mercado. Ninguém foi preso na ação. Sobre a intoxicação do jovem, a investigação aguarda pelo laudo necroscópico da perícia, mas não descarta que ele tenha sido vítima de um consumo excessivo.
Estado lança força-tarefa
O Governo do Estado lançou uma força-tarefa para enfrentar os casos suspeitos de intoxicação por metanol, composto líquido altamente perigoso para a saúde que está sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas. Ao longo dos próximos dias, a vigilância e a fiscalização em todos os 79 municípios serão intensificadas para combater a venda e o consumo de bebidas adulteradas.
A ação inclui:
- Atendimento 24h com suporte técnico e científico via CIATox;
- Fiscalização intensiva das vigilâncias sanitárias em estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas, visando coibir a venda de produtos clandestinos e de origem desconhecida;
- Monitoramento contínuo dos casos suspeitos e confirmados de intoxicação por metanol, com notificação imediata ao CIEVS estadual e ao Ministério da Saúde;
- Capacitação e orientação técnica às equipes de saúde para condução clínica dos casos, conforme protocolos definidos na Nota Técnica;
- Apoio às unidades hospitalares para o uso de antídotos disponíveis, como o etanol farmacêutico, e articulação com o Ministério da Saúde para acesso ao fomepizol, tratamento de referência contra o metanol.
A recomendação é para não consumir bebidas sem rótulo, clandestina ou adquiridas em locais não regularizados. Qualquer pessoa que, após cerca de 12h do consumo, apresentar dor abdominal, sensação de queimação, alterações visuais — especialmente turvação ou visão cintilante, além de sinais neurológicos, deve procurar uma unidade de saúde.
