A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (8), uma megaoperação nacional de combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes. A ação, batizada de Proteção Integral III, foi realizada em todos os estados do país e contou com o apoio de uma ferramenta tecnológica desenvolvida pela própria corporação: o Sistema Rapina.
Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o sistema tem sido essencial para ampliar a capacidade de investigação e repressão a crimes dessa natureza.
“Ela é uma ferramenta muito avançada, que inclusive está sendo colocada à disposição de outros países. Já temos um convênio com Portugal. Esse instrumento patrulha permanentemente o mundo virtual para detectar abusos contra crianças e adolescentes”, afirmou o ministro.
O Sistema Rapina funciona como um banco de dados que centraliza e analisa informações de investigações sobre crimes contra menores. Ele permite priorizar casos, localizar suspeitos, identificar vítimas e aprimorar a atuação policial. O sistema também utiliza metodologias de investigação digital para processar grandes volumes de dados com mais agilidade e eficiência.
Cooperação internacional
O sistema foi compartilhado com Portugal, por meio de um convênio firmado em 2024, o que fortaleceu a cooperação internacional no combate a crimes de abuso e exploração infantil na internet.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, destacou o impacto do sistema na qualidade das investigações. “Para nós, é uma honra compartilhar essa experiência e buscar aquilo que todos desejamos: reduzir, minimizar e, quem sabe, eliminar do cenário global esse nefasto delito que é a violação de crianças e adolescentes.”
Operação Proteção Integral III
Durante a ação desta quarta-feira, a PF cumpriu 182 mandados de busca e apreensão em todos os estados brasileiros. Além dos detidos em flagrante, houve 11 prisões preventivas. Três vítimas foram resgatadas e dois menores, apreendidos.
Ao todo, 890 agentes participaram da operação — sendo 617 policiais federais e 273 policiais civis —, com ordens judiciais distribuídas entre Alagoas, Pernambuco, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraíba.
Das ordens emitidas, 138 foram cumpridas pela Polícia Federal e 44 pelas polícias civis.
A operação é a terceira fase da série Proteção Integral, iniciada em março deste ano. Segundo dados da PF, entre janeiro e setembro de 2025, já foram cumpridos mais de 1.630 mandados de prisão de condenados por crimes sexuais.
Alerta à população e prevenção
Em nota, a corporação reforçou a importância da prevenção e da conscientização digital. “A Polícia Federal alerta pais e responsáveis sobre a importância de acompanhar e orientar o uso da internet por crianças e adolescentes, conversando abertamente sobre riscos e ensinando como agir diante de contatos inadequados. A prevenção e a informação são as ferramentas mais eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de crianças e adolescentes.”
ECA Digital e novas regras de proteção
O governo federal também tem buscado reforçar medidas legais de proteção. Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, com três vetos, o Projeto de Lei da Adultização, também conhecido como ECA Digital.
A nova legislação estabelece regras específicas para o ambiente online, exigindo maior responsabilidade das plataformas e empresas de tecnologia na proteção de crianças e adolescentes contra conteúdos e interações nocivas.