A Polícia Federal divulgou o balanço parcial da Operação Circuito Fechado, que investiga uma rede criminosa transnacional responsável pelo ingresso e distribuição ilegal de eletrônicos de alto valor no país. A investida foi deflagrada na manhã dessa quinta-feira (16) em cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Conforme a atualização, cinco de um total de seis mandados de prisão preventiva foram cumpridos, sendo que o último alvo não foi encontrado e é considerado foragido. Além desses, também foram realizados 10 mandados de busca e apreensão, sendo recolhidos 15 telefones celulares com os investigados.
Durante a operação, foram flagrados crimes de contrabando, importação irregular de medicamentos e descaminho. Mais de 180 eletrônicos novos foram apreendidos, entre celulares, tablets e notebooks, além de diversos produtos sem comprovação fiscal, como cigarros, essências, perfumes, bebidas, anabolizantes e acessórios eletrônicos.
Os federais também realizaram o bloqueio de 17 veículos por meio do sistema RENAJUD, outros cinco foram apreendidos durante as buscas, entre automóveis de passeio e utilitários de alto valor. A ordem de indisponibilidade de bens pode alcançar até R$ 10 milhões por investigado.
Nos endereços, foram apreendidos também cadernos de anotações, cheques, comprovantes de compra de mercadorias no Paraguai, notebooks e celulares utilizados na atividade criminosa. Dos mandados, em Mundo Novo, foram cumpridos um de prisão preventiva e outro de busca e apreensão.
Os demais foram em Loanda/PR, onde com cinco mandados de busca e três de prisão preventiva; Santa Isabel do Ivaí/PR, um mandado de busca e um de prisão; Umuarama/PR, um de busca; Assis/SP, dois de busca e um de prisão preventiva. A operação contou com a participação de aproximadamente 50 policiais federais.
A investigação
Segundo a PF, as investigações tiveram início em 2024, após a apreensão de grande quantidade de aparelhos celulares na região de Guaíra/PR. A Polícia Federal identificou organização criminosa estruturada, estável e hierarquizada, voltada ao transporte, financiamento e revenda de produtos descaminhados.
O grupo atuava em rotas clandestinas que conectavam o Paraguai a municípios brasileiros nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, utilizando veículos registrados em nome de terceiros, empresas de fachada e contas bancárias intermediárias para ocultar a origem dos bens e dos valores movimentados.
As apurações financeiras indicam que o grupo movimentou, apenas em créditos identificados, aproximadamente R$ 32 milhões ao longo de quatro anos, confirmando a dimensão econômica da atividade criminosa e o impacto do esquema sobre a economia formal.
O grupo realizava viagens semanais para o transporte de centenas de aparelhos celulares, utilizando comunicação criptografada, aplicativos de mensagens e monitoramento em tempo real de barreiras policiais e fiscais, além de movimentar valores expressivos por meio de contas de interpostas pessoas físicas e jurídicas.
O nome “Circuito Fechado” faz referência à vigilância constante mantida pelo grupo criminoso sobre as rotas clandestinas e à ação coordenada da Polícia Federal, que fechou o cerco sobre toda a estrutura ilícita. Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, descaminho e lavagem de dinheiro.