Presidente americano diz estar disposto a rever o tarifaço “sob certas condições”; Lula afirma que ainda não há exigências de nenhum dos lados
A caminho da Malásia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste sábado (25) que vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua viagem à Ásia. O encontro entre os dois líderes está previsto para domingo (26), às 17h, em Kuala Lumpur (6h no horário de Brasília).
Durante conversa com jornalistas a bordo do Air Force One, Trump afirmou que pode reduzir as tarifas impostas ao Brasil, que chegam a 50%, mas condicionou a medida a “determinadas circunstâncias”. Foi a primeira vez que o presidente americano admitiu a possibilidade de fazer concessões, embora não tenha explicado quais seriam suas exigências.
“Acredito que vamos nos reunir, sim”, disse Trump. “Sob as circunstâncias certas, seguramente”, completou ao ser questionado sobre a possibilidade de diminuir o tarifaço.
Poucas horas depois, Lula confirmou a reunião e afirmou que nenhum dos lados apresentou exigências até o momento. “Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda. Vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução. Pode ficar certo que vai ter uma solução”, declarou o presidente brasileiro já em solo malaio.
Foco em “descontaminar” relações e retomar negociações comerciais
Segundo fontes ouvidas, Lula chega à reunião com dois objetivos principais:
- “descontaminar” as relações diplomáticas com os Estados Unidos, que ficaram abaladas por interferências do governo americano em assuntos internos do Brasil;
- definir parâmetros para negociações comerciais voltadas à redução das tarifas aplicadas contra produtos brasileiros.
As tarifas de 40% a 50% foram impostas por razões políticas em julho e se somam a punições contra autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal e do Executivo.
Na sexta-feira (24), ainda na Indonésia, Lula afirmou que não espera um acordo imediato sobre o fim do tarifaço, mas sinalizou que a reunião pode abrir caminho para novas rodadas de negociação entre os dois governos.
“Se eu não acreditasse que fosse possível fazer um acordo, eu não participaria da reunião. O acordo certamente não será feito amanhã ou depois de amanhã. Ele será feito pelos negociadores que vão sentar com o pessoal do governo americano para discutir”, disse Lula.
Clima de distensão e expectativa moderada
Apesar da cautela, diplomatas avaliam que o simples fato de o encontro ocorrer já representa uma redução das tensões entre Brasília e Washington. O pedido de reunião partiu do lado americano e faz parte de uma série de gestos de reaproximação.
No último mês, Lula e Trump se encontraram rapidamente nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e também realizaram a primeira conversa virtual direta. Além disso, o chanceler Mauro Vieira teve uma reunião considerada “positiva” com o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Interlocutores do governo brasileiro, no entanto, evitam projeções sobre resultados concretos, destacando o perfil imprevisível de Trump, conhecido por mudar de posição durante negociações diplomáticas. Ainda assim, há otimismo em relação a avanços nas discussões sobre comércio, etanol e sistemas de pagamento, como o PIX.
O áudio da conversa de Trump com jornalistas foi divulgado pela Casa Branca, confirmando o tom conciliador do presidente americano e alimentando expectativas de que o encontro com Lula marque um novo capítulo nas relações entre Brasil e Estados Unidos.











