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sábado, 15 de novembro, 2025
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Após derrota no STF, Bolsonaro se vê mais perto da prisão

Corte máxima rejeita recursos e encaminha desfecho de ações que podem levar à detenção

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, nesta sexta-feira (14), os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros seis condenados pela tentativa de golpe de Estado. Com a decisão, segue válida a pena de 27 anos e 3 meses de prisão imposta pelo tribunal.

Os advogados buscavam reverter a condenação por meio de embargos de declaração, recurso que serve exclusivamente para apontar omissões, contradições ou erros formais no julgamento — mas não para reavaliar o mérito da decisão. A maioria dos ministros — Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia — acompanhou o voto do relator, Alexandre de Moraes, que afirmou não haver qualquer falha no acórdão.

Cumprimento da pena será definido após publicação do acórdão

Com os embargos negados, o STF deve publicar o acórdão nos próximos dias. Após essa etapa, caberá ao ministro Moraes determinar como a pena será cumprida. Entre as possibilidades estão:

  • manutenção da prisão domiciliar, como ocorre atualmente,
  • ou transferência para regime fechado no Complexo Penitenciário da Papuda.

Especialistas detalham próximos passos

Especialistas ouvidos apontam que a decisão consolida a condenação. Para o constitucionalista Mateus Silveira, a rejeição dos embargos confirma a solidez do entendimento do STF.

“Os embargos são recursos para esclarecer obscuridades, eliminar contradições ou corrigir erros materiais. Em regra, eles não alteram o resultado. A partir dessa decisão, o entendimento do Supremo fica solidificado”, afirmou.

O professor de Direito Penal do Ibmec Brasília, Tédney Moreira, destacou que não haverá prisão imediata.

“É preciso aguardar a publicação da decisão. Só depois disso ocorre o trânsito em julgado, quando não há mais possibilidade de recurso. Esse processo costuma levar de 10 a 15 dias, caso a defesa não apresente novas medidas”, explicou.

Defesa ainda pode tentar recurso improvável

Mesmo com chances remotas de sucesso, a defesa de Bolsonaro ainda pode ingressar com embargos infringentes, recurso que poderia levar o processo ao plenário do STF, composto pelos 11 ministros.

Esse tipo de recurso, porém, só é admitido quando há pelo menos dois votos divergentes — o que não ocorreu. No julgamento, apenas o ministro Luiz Fux votou pela absolvição.

“Seria uma tentativa de rediscutir o caso, mas a estratégia é improvável”, avaliou Moreira.

Defesa prepara nova estratégia

Segundo apurado, os advogados de Jair Bolsonaro já trabalham em novas ações para tentar evitar a execução imediata da pena após o trânsito em julgado.

Enquanto isso, o STF avança em outros processos relacionados à trama golpista, que podem afetar aliados e membros do círculo político do ex-presidente.

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