Sem salário, 13º e vale, motoristas de ônibus devem começar a greve já na quinta-feira

33
Ônibus do transporte público de Campo Grande (Foto: Divulgação/PMCG)

Deve começar na quinta-feira (11) a greve geral dos motoristas do transporte público de Campo Grande lotados no Consórcio Guaicurus, coletivo de empresas de viação que operam o serviço público há anos. Nessa segunda (08), representantes do grupo e do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano estiveram sentados para tratar do pagamento do salário e vale de dezembro e do 13º Salário e não houve previsão para o acerto de nenhum dos benefícios trabalhistas.

Na última semana, em nota à imprensa, o Consórcio comunicou que não tem recursos em caixa para pagar a folha deste último mês do ano, acusando atrasos nos repasses dos órgãos públicos referentes às gratuidades dos estudantes, idosos e pessoas com deficiência, entre outros itens que compõem a conta tarifária. Além disso, o coletivo de empresas afirmou que enfrenta uma grave crise financeira e sem ter o fluxo de caixa garantido, não tem como bancar a operação dos ônibus.

A assembleia dos motoristas deve ocorrer às 4h30 da quinta-feira, ou seja, antes da saída dos ônibus das garagens para os terminais, o que coloca em risco a funcionalidade do transporte já a partir deste dia. “O Consórcio manteve a posição que não tem dinheiro para efetuar o pagamento. Nessa Assembleia, a gente vai estar discutindo não só o pagamento do dia 5, mas também do 13º e do Vale do dia 20”, disse o presidente do Sindicato, Demétrio Freitas.

A crise

O anúncio da situação foi colocada à imprensa pelo próprio Consórcio na última sexta-feira (05), através de nota. No documento, as empresas de ônibus sustentam que enfrentam uma crise financeira causada pela inadimplência nos repasses devidos pelo poder público, que incluem o vale-transporte, subsídios e outros componentes tarifários.

“A falta de regularização imediata destes pagamentos críticos está ameaçando a continuidade e a qualidade da prestação dos serviços de transporte na capital. A ausência dos repasses não permite o cumprimento de obrigações financeiras essenciais para a manutenção do sistema, que opera no limite de suas capacidades”, pontua.

Consócio pede socorro

Ainda no comunicado, o Guaicurus justifica que sem o fluxo de caixa necessário não terá condições de realizar os pagamentos da Folha Salarial e o 13º Salário dos colaboradores, além de Custos Operacionais Básicos, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, inviabilizando os serviços do transporte público.

“O Consórcio Guaicurus faz um apelo urgente para que as autoridades competentes tomem as providências imediatas necessárias para a regularização dos repasses, uma vez que o inadimplemento pode causar interrupção dos serviços que afetará drasticamente a mobilidade urbana e a vida dos cidadãos de Campo Grande”, finaliza a nota.

Prefeitura não vai tolerar nova paralisação

Vale lembrar que em outubro, também por atraso no pagamento do vale, a categoria fez uma paralisação de algumas horas durante a manhã, deixando muitos passageiros na mão nos terminais e pontos de embarque. Na época, houve um intenso debate envolvendo a Prefeitura, o sindicato, o Consórcio e a Prefeitura para tratar dos repasses e o Município entregou R$ 2,3 milhões.

Na época, o diretor-presidente da Agereg, José Mário Antunes, disse que caso acontecessem novas interrupções seriam aplicadas multas e outras sanções. “Nosso compromisso é com o cidadão. Caso haja descumprimento contratual, todas as medidas cabíveis serão adotadas”. “Tomaremos todas as posições legais de imediato para evitar que a população fique desassistida”, completou o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, citando que o custeio do serviço é tripartite, envolvendo pagamento de passagens e subsídios.