Manifestação contra o marco temporal paralisa trecho que liga BR-463 à MS-156
Indígenas da etnia Guarani-Kaiowá voltaram a bloquear, na manhã deste domingo (14), o anel viário de Dourados, no sul de Mato Grosso do Sul. A manifestação ocorre em protesto contra a tese do marco temporal, que, segundo os indígenas, ameaça o direito à demarcação de terras tradicionais. Este é o terceiro bloqueio registrado no mesmo trecho em menos de uma semana.
A nova interdição acontece um dia após a prisão de uma liderança indígena, fato que aumentou a tensão na região. Na última quinta-feira (11), o anel viário já havia sido fechado por algumas horas pelo mesmo motivo. Na sexta-feira (12), o bloqueio foi retomado, mas acabou sendo encerrado ainda no mesmo dia. Neste domingo, os manifestantes voltaram a interromper totalmente o tráfego.
O bloqueio ocorre nas proximidades do trevo com a Avenida Guaicurus, em um trecho estratégico que liga a BR-463 à MS-156 e à BR-163. A via margeia a Reserva Indígena de Dourados e é utilizada como rota alternativa para o tráfego de veículos pesados. Com a interdição, caminhões ficaram novamente parados, causando transtornos aos motoristas.
Equipes da Polícia Militar Rodoviária (PMR) estiveram no local e acompanham a manifestação. Até o momento, não há previsão para liberação da rodovia. Os indígenas afirmam que o protesto é uma forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), que deve retomar o julgamento de ações relacionadas ao marco temporal.
A tese do marco temporal estabelece que os povos indígenas só teriam direito à demarcação das terras que estivessem sob sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Movimentos indígenas e entidades sociais argumentam que o entendimento desconsidera expulsões forçadas e conflitos históricos, podendo resultar na perda de territórios tradicionais.
