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quinta-feira, 25 de abril, 2024
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Acidentes de trânsito em campo grande: uma questão de saúde pública, destaca Santa Casa

De acordo com os dados da OMS, 1,25 milhão de pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito no mundo

Mês de janeiro, época de férias. Na teoria, era para ser um período de trânsito calmo, mas por conta da movimentação de carros e motos, principalmente em rodovias, a situação é bem diferente. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1,25 milhão de pessoas morrem, por ano no mundo, vítimas de acidentes de trânsito, e desse total, a metade das vítimas são motociclistas, pedestres e ciclistas.

A preocupação sobre o tema entre os líderes globais é tão forte que um dos 17 objetivos da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, ou apenas Agenda 2030, é justamente a segurança no trânsito, como a redução para a metade do número global de mortes e lesões causadas por acidentes.

Trazendo para o Brasil, segundo a OMS, o trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano. E aqui em Campo Grande a situação não fica diferente. De acordo o levantamento da Sala de Situação de Inteligência e Negócios da Santa Casa de Campo Grande, em janeiro de 2021, o hospital realizou 353 atendimentos com entrada na urgência e emergência do Pronto-socorro, sendo 80% de atendimento geral na instituição envolvendo politraumatizados, que são os pacientes que possuem traumatismos múltiplos.

No restante de 2021, os números continuaram em alta. Os acidentes entre carros e motos atendidos pela Santa Casa, somaram um total de 1.483 entradas na urgência e emergência do Pronto-socorro, já o total de acidentes envolvendo apenas motociclistas no ano passado foi de 1.180 casos.

A título de comparação, em dezembro de 2020, foram registrados 149 acidentes de carro e moto e 103 acidentes de motociclistas atendidos pela Santa Casa de Campo Grande, e já no último ano, em dezembro de 2021, foram atendidos 143 acidentes de carro e moto e 110 apenas de motos. Ou seja, houve uma diminuição de 4% em acidentes de carro e moto e um aumento de 6% de acidentes envolvendo apenas moto no último mês de cada ano.

Motivo

Não podemos esquecer que parte dos acidentes poderiam ser evitados, com ruas melhores sinalizadas, rodovias mais pavimentadas e atenção no trânsito, mas, a principal causa, que corresponde por 53,7% dos acidentes em todo o território brasileiro, de acordo com um estudo realizado pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação, é a imprudência dos motoristas.

O motivo de 30,3% desse total é a infração das leis de trânsito, enquanto 23,4% acontece pela falta de atenção do condutor. Logo, é correto afirmar que a “falha humana” é a principal causa dos acidentes nas estradas e ruas brasileiras, que acaba se tornando também a principal causa do aumento de atendimento nos hospitais e, consequentemente, virando uma questão de saúde pública.

De acordo com a médica intensivista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Dra. Maria Augusta Rahe, para entender como esses acidentes acontecem e o motivo da taxa de atendimentos ser tão alta na capital, muitas situações devem ser consideradas. “No ano passado morreram 60 motociclistas em Campo Grande. Têm muitos que sobrevivem, mas devido à gravidade dos casos, acabam perdendo perna ou braço. Atendemos todos os politraumas da região, é uma questão de saúde pública”, explica a profissional da Santa Casa.

Após o acidente, não é apenas o veículo ou os ocupantes dele que sofrem as consequências, ou só a rotina de mobilidade urbana que muda. De acordo com os dados do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), que é uma organização que desenvolve ações que contribuam para redução dos índices de acidentes de trânsito no país, é gerado para o sistema público de saúde o custo anual de R$ 52 bilhões em valores gastos em cuidados com saúde, indenizações, perda de produção por lesão ou morte e associados aos veículos.

Atendimento

Mesmo com muitos casos de acidentes registrados, na avaliação da intensivista da Santa Casa, existe um lado positivo, em meio a tantas dificuldades, que é a eficiência do atendimento da atenção primária. “Precisamos valorizar o socorro que é muito bom, tanto nas estradas quanto na cidade. O SAMU e o Corpo de Bombeiros são ótimos e esse tratamento está aumentando a sobrevida das pessoas acidentadas” afirma a médica.

“Aqui, na Santa Casa, têm cirurgiões, tem centro cirúrgico pronto, têm socorristas, tem sangue, tem tudo. E isso precisa ser valorizado”, finaliza a Dra. Maria Augusta Rahe.

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