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Altruísmo da família garante novo lar para criança internada na Santa Casa

Em Campo Grande, existe na fila de adoção uma criança surda, um adolescente com paralisia cerebral, outro com diabetes tipo 1 e um pré-adolescente autista

30/05/2020 13h30
Por: Ascom

Foi um sábado de mobilização desde a madrugada para os profissionais da Santa Casa de Campo Grande e do Serviço de Táxi Aéreo para a alta hospitalar e o transporte em uma UTI da criança que há mais de um ano e meio estava internada na unidade, por conta de uma paralisia cerebral grave e de outras complicações de saúde. Esta semana, o paciente que estava na fila da adoção, ganhou um novo lar e uma nova família.

O termo de adoção foi assinado dentro do hospital na presença da juíza da Vara da Infância. Os pais adotivos são de outro Estado e a mãe contou que há 23 anos eles são engajados como família apoiadora, acolhedora e adotiva. O paciente, hoje com menos de três anos de idade, ganhou um novo nome e endereço, e será recebido por outros cinco irmãos, quatro deles também adotivos. “Nossos planos são muitos, mas principalmente proporcionar a ele uma vida em família com direito a muito colo, beijinhos, carinho, passeios, além do cuidado com suas necessidades e acima de tudo o nosso maior plano que é de estarmos juntos sempre”, disse a mãe adotiva.

A despedida no hospital foi marcada pela emoção de toda a equipe que, ao longo de exatos 554 dias, cuidou do paciente. E um detalhe na porta do leito, na ala pediátrica, chamou a atenção: 554 também é o número do quarto em que ele foi acolhido durante todo esse período. “Uma grande e feliz coincidência” disse uma das enfermeiras. Já a técnica em enfermagem Elenice Menezes, lembrou com carinho dos momentos em que a criança ainda brincava pelos corredores do hospital. “Assim que ele chegou aqui no hospital, virou nosso ‘xodó’! Ele deu os primeiros passinhos aqui com a gente, nós acompanhamos cada evolução, cada intercorrência. Vai ser difícil chegar aqui no setor sem vê-lo, mas eu sei que ele será bem cuidado com a família que o adotou”, disse.

A médica pediatra Dra Patrícia Otto, coordenadora da residência em pediatria da Santa Casa, e que acompanhou o paciente desde o início, explicou que a internação prolongada se deve à gravidade do caso e à necessidade de um ambiente adaptado. “Aqui ele sempre teve os cuidados de uma equipe multiprofissional 24 horas por dia. E essa mesma atenção ele receberá no novo lar, pois sabemos que a nova família lidou com caso semelhante e aqui demonstrou preparo para continuar com essa assistência”, complementou a médica.

A juíza da Vara da Infância, Adolescência e do Idoso de Campo Grande e que acompanhou todo o processo, Drª Katy Braun, explicou que a adoção deve ser precedida de um período de preparação dos interessados que, quando aprovados na avaliação psicossocial e por sentença judicial, são considerados habilitados para adotar e passam a integrar uma fila virtual onde esperam pelo filho com as características que desejam, mas ressalta que nos casos de crianças e adolescentes hospitalizadas e com a saúde mais frágil, a situação é ainda mais complexa.

“As crianças e adolescentes que estão aguardando por uma família hoje, não são as mesmas desejadas pelos 34.443 pais pretendentes. Os adolescentes, grupos de irmãos e crianças com deficiência ou doença grave são a maioria dos 5.026 disponíveis no sistema nacional de adoção”, destacou a juíza. Ela afirma que é sempre um grande desafio encontrar uma nova família disposta a esse tipo de cuidado. Em Campo Grande, de acordo com as informações fornecidas pela Vara da Infância, Adolescência e do Idoso existe na fila de adoção uma criança surda, um adolescente com paralisia cerebral, outro com diabetes tipo 1 e um pré-adolescente autista.

Divulgação

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