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Amputações, crucificações e degolamentos: a vida sob o EI

08/02/2016 11h00

Amputações, crucificações e degolamentos: a vida sob o EI

Terra

Cinco anos depois da violenta revolta que tirou do poder o ex-líder líbio Muammar Khadafi, combatentes do grupo extremista autointitulado Estado Islâmico (EI) estabeleceram uma base na cidade de Sirte, na costa do país.

Com cerca de 1,5 mil soldados no local, segundo estimativas, a milícia começou a impor suas leis por ali, incluindo regras de vestuário para homens e mulheres, segregação nas escolas e o estabelecimento de uma polícia religiosa.

As punições para crimes que vão de roubo e produção de bebidas alcoólicas até “espionagem” incluem prisão, amputações, crucificações públicas e decapitações. O grupo ainda criou sua própria “força policial”, que faz buscas nas casas e força as pessoas a frequentarem aulas de reeducação islâmica.

O chefe da inteligência do governo líbio na vizinha Misrata, Ismail Shukri, afirma que a maioria dos combatentes do EI em Sirte é de estrangeiros – vindos principalmente da Tunísia, do Iraque e da Síria.

O acesso à cidade é perigoso para jornalistas, e o contato com as pessoas que moram lá é limitado – geralmente por medo de retaliações.

A BBC conversou com ex-moradores que foram forçados a deixar a cidade para escapar do Estado Islâmico. Confira os relatos:

Depoimento 1: Bint Elferagani, médico
Eu trabalhava como pediatra no Hospital Ibn Sina. Agora, estou em Trípoli (capital da Líbia), para onde escapei com minha família em agosto de 2015, quando os conflitos estavam começando.

Mas, como todos os outros, ainda tenho parentes morando em Sirte. Nós às vezes entramos em contato com eles pela internet, por meio de uma conexão via satélite. Em geral, lá não há mais acesso à rede ou a linhas telefônicas.

Aqueles que continuam na cidade tendem a ser aqueles com menos condições financeiras, que não podem pagar aluguel em outros lugares. Têm chegado até nós notícias de que estão faltando remédios nos hospitais. Quem corre risco de morte, e tem como sair de lá, está fazendo isso.

A matança é inacreditável. Eu perdi quatro primos do lado paterno da família, cinco do lado materno, outros três parentes e dois vizinhos.

Um primo foi crucificado na rotatória Zaafran, outro na rotatória Gharbiyat e um terceiro foi decapitado. O quarto foi morto por um tanque de mísseis.

Líbio mostra no celular imagem de seu irmão, que teria sido morto a tiros e crucificado pelo EI
Foto: BBC / BBCBrasil.com

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