A rodovia federal BR-163, no anel viário de Dourados, já está com o trânsito normalizado novamente. Mais cedo, um grupo de indígenas bloqueou a passagem de veículos e carretas usando como obstáculo o caixão de um morador da comunidade local morto em um acidente ocorrido na terça-feira (30) na altura de uma distribuidora de bebidas.
Houve uma longa negociação entre as lideranças indígenas e representantes do Governo do Estado e da Prefeitura de Dourados. Foi necessário assinar um documento se comprometendo a instalar um redutor de velocidade no local onde houve o acidente. Apesar do acordo firmado, não há prazo de quando o pedido será atendido.
Depois do fim da negociação, o caixão com o corpo do indígena, de 49 anos, foi retirado do meio da via e levado para um cemitério público, onde foi sepultado. O anel rodoviário liga à MS-156 e à Avenida Guaicurus, na região norte do município. Equipes do BPMRv (Batalhão da Polícia Militar Rodoviária) acompanham a manifestação.
No protesto de ontem, houve confusão e até mesmo o uso de balas de borracha e gás de pimenta para conseguirem liberar o trecho. “As autoridades não dão a mínima atenção para o povo originário. Falta água, falta alimento, falta terra e agora os acidentes constantes com mortes de indígenas”, disse uma das lideranças nativas.
O caso
O acidente aconteceu por volta das 11 horas de terça-feira (30). A vítima seguia em uma bicicleta quando atravessou a rodovia sem olhar para os lados, sendo atingido em cheio por uma caminhonete, modelo Toyota Hilux, com placas de Chapecó (SC).
O motorista da caminhonete relatou que não teve como desviar a tempo. A vítima faleceu ainda no local e o acidente provocou a comoção da comunidade local, que interditou a pista usando galhos de árvores, pneus e outros objetos.
Os indígenas também ameaçaram linchar os quatro ocupantes do veículo e atear fogo no carro, mas a presença policial evitou a agressão. O condutor passou pelo teste do bafômetro, cujo resultado foi negativo.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, foi aberta uma investigação pela Polícia Civil, que também esteve no local, por danos ao patrimônio público. O acidente foi registrado como “morte provocada pela própria vítima”.