A decisão do ministro Luís Roberto Barroso de antecipar sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciada na última quinta-feira (9), provocou mudanças no calendário de desligamentos da Corte e reacendeu discussões sobre o futuro da composição do tribunal.
Os ministros do STF são obrigados a se aposentar ao completar 75 anos, mas podem deixar o cargo antes, como fez Barroso. O ex-presidente da Corte poderia permanecer até 2033, mas afirmou que decidiu se afastar por vontade pessoal, destacando o desejo de viver longe da exposição pública e das responsabilidades do cargo.
“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder, e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta”, disse o ministro, emocionado, durante seu discurso de despedida.
A fala foi recebida com aplausos de pé pelos colegas de plenário. Barroso ressaltou que a decisão foi “longamente amadurecida” e que não teve relação com fatos da conjuntura atual.
Durante sua trajetória, o ministro se destacou pela defesa dos direitos fundamentais, da liberdade de expressão e por tentar aproximar o Judiciário da sociedade — marca que reforçou em suas viagens pelo país enquanto presidente do STF.
Próximas aposentadorias no STF
Com a saída antecipada de Barroso, o calendário de aposentadorias do Supremo passa a ter o seguinte cronograma:
- Luiz Fux – abril de 2028 (indicado por Dilma Rousseff em 2011);
- Cármen Lúcia – abril de 2029 (indicada por Luiz Inácio Lula da Silva em 2006);
- Gilmar Mendes – dezembro de 2030 (indicado por Fernando Henrique Cardoso em 2002);
- Edson Fachin – fevereiro de 2033 (indicado por Dilma Rousseff em 2015);
- Dias Toffoli – novembro de 2042 (indicado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2009);
- Flávio Dino – abril de 2043 (indicado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2023);
- Alexandre de Moraes – dezembro de 2043 (indicado por Michel Temer em 2017);
- Nunes Marques – maio de 2047 (indicado por Jair Bolsonaro em 2020);
- André Mendonça – dezembro de 2047 (indicado por Jair Bolsonaro em 2021);
- Cristiano Zanin – novembro de 2050 (indicado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2023).
A saída de Barroso abre uma nova vaga no Supremo, cuja indicação caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já nomeou Flávio Dino e Cristiano Zanin para o tribunal em seu atual mandato.
A decisão do ministro marca o fim de uma trajetória de mais de uma década no STF, durante a qual atuou em julgamentos de grande repercussão, como os que trataram do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal e de temas ligados à transparência e à ética pública.
Com sua despedida, Barroso deixa também um legado de protagonismo no debate sobre o papel do Judiciário em um país marcado por crises políticas e institucionais — e um tribunal que, mais uma vez, se prepara para uma nova recomposição.