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sábado, 5 de julho, 2025
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Arquivos em computador de advogada presa em MS revelou plano do PCC para libertar seus líderes

O computador apreendido com uma advogada de Três Lagoas durante a Operação Anjos da Guarda, deflagrada na quarta-feira (10) pela Polícia Federal, comprovoram a existência de um megaplano operacional para conseguir a liberdade dos principais líderes da facção organizada Primeiro Comando da Capital (PCC). Através dos arquivos periciados, também foi possível obter maiores detalhes da ação, que foi interrompida antes de que fosse colocada em prática pelos criminosos.

O plano era complexo e sem muitas garantias de sucesso. O PCC pretendia sequestrar servidores públicos federais e atuantes da Segurança Pública para, depois, tentar negociar com as autoridades a liberdade dos traficantes que cumprem pena em presídios de segurança máxima federais. Conforme consta, os servidores sequestrados seriam levados para um cativeiro, longe de seu local de origem, sendo que, caso não houvesse um acordo dentro do esperado, eles seriam assassinados para mostrar a força do PCC e intimidar os órgãos públicos.

As informações foram publicadas na coluna do jornalista Josmar Jozino, no site Uol, nesta sexta-feira (12). Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Federal disse que não pode comentar o caso para não atrapalhar o andamento das investigações, que começaram em dezembro de 2021 através do monitoramento de conversas entre advogados e familiares de detentos na Penitenciária Federal de Brasília.

A polícia cita que os presidiários membros do PCC falavam em código com seus advogados e familiares para evitar que o plano de resgate fosse descoberto. Nas conversas, eles deram um novo significado às siglas “STF”, que no caso passou a fazer referência à fuga da liderança presa em Brasília, e “STJ”, que se referia à cobrança de andamento da ação. No entanto, a DEPEN e a PF descobriram que o grupo pretendia resgatar os presos das penitenciárias federais de Brasília e Porto Velho (RO) e deram início a operação Anjos da Guarda.

A advogada de Três Lagoas, que foi uma dos alvos da operação, está presa. Ela defendia presos ligados ao PCC em uma penitenciária estadual de Campo Grande e no presídio federal. Além dela, os federais também prenderam preventivamente uma advogada em Ceilândia (DF). Em São Paulo foram presas mais duas advogadas, sendo que uma dessas é a esposa de um traficante que está preso na Penitenciária Federal de Brasília e é um dos nomes resgatáveis pelo PCC.

Operação Anjos da Guarda

A operação foi realizada após a Polícia Federal descobrir a existência de um plano para resgatar alguns dos principais líderes do PCC que cumprem a pena nas penitenciárias federais de Brasília (DF) e Porto Velho (RO). Para isso, os criminosos criaram uma grande rede de comunicação usando os advogados dos bandidos para transmitirem os recados, bem como fazer cobranças dos custodiados e também pedir o retornos das mensagens enviadas.

Entre os presos que seriam resgatados estão traficantes conhecidos das autoridades, como Marcos Willians Herbas Camacho, o ‘Marcola’, Cláudio Barbará da Silva, o ‘Barbará’, e Valdeci Alves dos Santos, o ‘Colorido’. Ainda de acordo com as investigações, além do resgate dos presos, o PCC pretendia sequestrar autoridades da segurança pública e da Justiça Brasileira para conseguir a soltura de criminosos. Esses  alvos não foram divulgados.

“Para organizar as atividades ilícitas, os investigados se valiam dos atendimentos e das visitas em parlatório, usando como códigos para a comunicação situações jurídicas que, comprovadamente, não existiam de fato”, ponta a PF.

Em Mato Grosso do Sul, a PF cumpriu três mandados, sendo um de prisão e dois de busca e apreensão nas cidades de Três Lagoas e Campo Grande. em todo o país foram 11 mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, São Paulo, Santos (SP) e Presidente Prudente (SP), além das cidades de MS. Cerca de 80 policiais federais foram mobilizados para a operação.

A operação foi batizada de “Anjos da Guarda” em referência aos servidores da segurança pública que se esforçam e se arriscam dia e noite para proteger a sociedade de criminosos. A ação conta com o apoio do Depen (Departamento Penitenciário Nacional).

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