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quinta-feira, 19 de junho, 2025
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Brasil fecha número recorde de acordos internacionais em 2024, o maior da última década

O Brasil firmou, em 2024, o maior número de acordos comerciais e atos de cooperação técnica da última década. Segundo levantamento feito com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério das Relações Exteriores, foram registrados 107 acordos com diversos países ao longo do ano.

A reportagem solicitou ao Itamaraty informações específicas sobre os atos firmados durante viagens internacionais de presidentes da República, mas a pasta afirmou que o sistema de registro não faz distinção entre os acordos assinados em “missões presidenciais no exterior” e os firmados em outras circunstâncias.

“Cumpre assinalar, porém, que todos os atos listados na tabela [usada como fonte pela reportagem], exceto aqueles assinados por Embaixadores ou Chefes de Missões Diplomáticas, decorrem de missões presidenciais ou de ministros ou autoridades designadas ao exterior”, informou o ministério.

Brasil fecha número recorde de acordos internacionais em 2024, o maior da última década

Brasil e a diplomacia presidencial

O cientista político e professor de Relações Internacionais, Maurício Santoro, destaca que a projeção dos presidentes brasileiros no cenário internacional é um fenômeno relativamente recente, intensificado após a redemocratização da década de 1980.

“No período anterior, na época dos militares e da Era Vargas, as viagens eram raras. O presidente Getúlio Vargas, por exemplo, foi à Argentina apenas uma vez, em uma brevíssima viagem”, relembra Santoro.

O professor também aponta que a evolução tecnológica nos setores de comunicação e transporte tornou as viagens de chefes de Estado mais comuns e estratégicas em todo o mundo. “A partir dos governos Collor e Fernando Henrique Cardoso, a diplomacia presidencial passou a ter um papel mais relevante na política externa brasileira”, explicou.

Ainda segundo Santoro, outros presidentes, como Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, demonstraram menor engajamento na agenda internacional. “No caso do governo Bolsonaro, por exemplo, o período coincidiu com a pandemia, o que limitou muito as viagens e os encontros presenciais”, destacou.

Quantidade nem sempre significa qualidade

Embora o número de acordos assinados em 2024 seja expressivo, Santoro ressalta que a quantidade não necessariamente reflete o impacto ou a relevância econômica das negociações.

“Nem sempre um número maior de atos representa acordos mais benéficos para o Brasil. Por exemplo, nesta recente viagem de Lula à França, se o governo conseguisse avançar nas negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul, os efeitos seriam muito mais significativos do que vários outros acordos de menor alcance fechados ao longo do ano”, analisou o especialista.

A assinatura de acordos bilaterais e multilaterais segue como uma das principais ferramentas da diplomacia brasileira para fortalecer relações comerciais, políticas e de cooperação técnica com outros países.

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