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sexta-feira, 26 de abril, 2024
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Cadetes da PM denunciam ‘tortura’ e tratamento desumano em curso de MS

O filme ‘Tropa de elite’ e o ‘pede para sair’ pode estar sendo praticado em treinamento dos cadetes da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS). Para quem não viu o filme, a severidade na força física e mental era ‘norma’ de seleção em tropa especial da polícia do estado do Rio de Janeiro, e, algo parecido foi denunciado e tem gerado polêmica por parte dos alunos da Academia de Polícia Militar (APM) de Campo Grande. Cadetes da PM denunciam oficial Major, condutor de treinos, por “tortura” e tratamento desumano em academia. Eles apontam que foram obrigados a ficarem em posição de flexão de braço no sol de meio dia e tiveram queimaduras.

Assim, qualificando a preparação como ‘tortura’, denúncias chegaram à ouvidoria do Ministério Público Estadual (MPE) de MS, oficialmente nesta sexta-feira (12). A reclamação também já foi lançada dentro da própria Corporação, via Ouvidoria da PM, que aponta que estão a investigar o caso. “A Corregedoria-Geral tomou ciência de denúncia anônima feita no canal da Ouvidoria da PM, sendo então aberto procedimento para apurar os fatos narrados”, aponta nota da Corregedoria da PM.

Os alunos para não ser apontado diretamente, não fizeram a denúncia oficial, mas por meio de familiares, que também preferem não se identificar. Eles disseram que os alunos estariam sendo submetidos a constrangimentos com xingamentos. “Além serem de obrigados a ficarem expostos ao sol, em posição de flexão — em prancha, no pátio da academia, com as mãos no asfalto em pleno meio-dia”, relataram.

O tratamento ao menos neste caso, não poupa nem as mulheres, pois com algumas componentes entre um total de 100 cadetes, elas também foram ‘castigadas’. “São 50 cadetes na primeira turma e 50 na segunda turma que chegaram a ficar com as mãos no asfalto do pátio por minutos. Algumas meninas cadetes ficaram com bolhas na mão. Além de xingamentos, no último dia 29 de outubro, alunos foram obrigados, como punição, a ficarem na posição de flexão de braço no sol de meio dia. Tiveram até queimaduras de segundo grau nas mãos”, relatou familiar à reportagem.

Denúncia no MPMS e PM

A denúncia feita na ouvidoria do MPMS hoje, ressalta que um militar de alto escalão chegou a ir até à academia de polícia verificar as situações relatada ocorridas ao dias de curso no último feriado. Mas, este que seria o Major, ao invés de resolver ou amenizar suposto problema, o teria continuado, como uma espécie de ‘vingança’ ou punição.

“Após ter conhecimento da denúncia ele, que conduz a preparação dos cadetes, teria novamente colocado os alunos em flexão no pátio de asfalto”, aponta denúncia ao MP, que relata que já existem outras denúncias sobre ‘tortura psicológica e física’ envolvendo a formação dos cadetes na ouvidoria do MPMS.

Por parte da PM, como dissemos acima, a Corregedoria também já recebeu a reclamação e teria aberto inquérito. A assessoria de comunicação da PMMS informou “que foi instaurado procedimento e a Corregedoria está apurando o caso”. Até o momento, cinco denúncias chegaram até a ouvidoria da PM – a última nesta sexta-feira (12) – e estão sendo apuradas.

Motivos

De acordo com os relatos, no dia 29 de outubro, a major acusou um dos cadetes, que faz curso de formação, de não pagar com custos de refeições no local. Então, ordenou que toda a turma ficasse na posição de flexão de braço. “O que ocasionou queimaduras de 2º grau nos cadetes”, diz na denúncia.

A intenção era de que o possível acusado de não pagar as refeições, se pronunciasse. Depois, a major aplicou a todos os alunos, punição restritiva de liberdade, do dia 30 de outubro até 2 de novembro. “Para refletir sobre o assunto, privou da folga e do convívio familiar”, denunciam.

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