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sábado, 5 de julho, 2025
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Câmara de Campo Grande aprova projeto que proíbe planta associada à praga dos citros

A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou o projeto de lei que proíbe a produção, comercialização e transporte da planta Murraya paniculata, popularmente conhecida como murta de cheiro ou “dama da noite”. A proposta, de autoria do vereador Veterinário Francisco, agora aguarda sanção da prefeita Adriane Lopes para entrar em vigor.

O projeto foi comemorado por autoridades estaduais ligadas ao meio ambiente e à agricultura. O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que Campo Grande possui a maior concentração da planta no país e que a iniciativa demonstra o envolvimento da cidade no esforço estadual para proteger os pomares de citros.

“A aprovação da lei mostra que a cidade está alinhada com o esforço do Governo do Estado em transformar Mato Grosso do Sul num polo nacional de produção de cítricos. Essa planta é a principal hospedeira da praga que dizima laranjais”, destacou Verruck.

Multa e erradicação

A proposta prevê multa de R$ 1 mil, atualizada pelo IPCA, para quem cultivar, vender ou transportar mudas de murta. Em caso de reincidência, o valor será dobrado. A lei também obriga o município a criar um plano de erradicação, começando por áreas públicas, como calçadas, canteiros, praças, parques, margens de córregos e terrenos da prefeitura. Numa segunda fase, o plano atingirá propriedades privadas.

Projetos semelhantes já foram aprovados nos municípios de Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti, e estão em tramitação em outras cidades sul-mato-grossenses. Em 2023, o governador Eduardo Riedel sancionou a Lei Estadual nº 6.293, que proíbe a murta em todo o estado.

Risco à citricultura

De acordo com a coordenadora de citricultura da Semadesc, Karla Nadai, a murta é hospedeira do psilídeo-da-laranjeira, inseto transmissor do greening, considerada a pior doença dos cítricos no mundo. A praga dizimou pomares nos Estados Unidos e já comprometeu metade das lavouras paulistas — São Paulo é o maior produtor nacional, com cerca de 400 mil hectares de citros.

“Mesmo distante de plantações, a murta representa risco. O psilídeo pode voar até 5 km sozinho, e, com ajuda do vento, pode percorrer até 20 km”, explicou Karla.

Incentivo à citricultura em MS

Com mais de 20 mil hectares de citros plantados e previsão de chegar a 30 mil até o fim de 2025, Mato Grosso do Sul tem atraído investimentos no setor. O estado também adota medidas como a destruição de plantas cítricas infectadas, e firmou um acordo de cooperação com o Fundecitrus, que contratou um engenheiro agrônomo para atuar exclusivamente no território sul-mato-grossense.

Planta antes valorizada virou ameaça

A murta, de origem mediterrânea, era bastante usada na arborização urbana, apreciada por sua folhagem verde vibrante, flores perfumadas e porte médio. No entanto, sua ligação direta com a disseminação do greening a tornou um problema ambiental e econômico, agora enfrentado por meio de ações legislativas e sanitárias.

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