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Ovos de Aedes Aegypti infectados com bactéria pretendem diminuir epidemia de dengue na capital

A ação faz parte do World Mosquito Program Brasil e começa a partir do segundo semestre de 2019

08/05/2019 12h10
Por: Redação

Ovos do mosquito Aedes Aegypti infectados com a bactéria Wolbachia pipientis, inibidora da proliferação dos vírus da Dengue, Zika, Chikungunya, Febre Amarela e Febre de Mayaro, serão espalhados por Campo Grande (MS) a partir do segundo semestre deste ano. A cidade foi escolhida devido a quantidade de casos de dengue e pela doença configurar-se como epidemia. Conforme o Boletim Epidemiológico de Dengue de 2019 (Upar), no período de janeiro deste ano até o dia dois de maio, 7.670 casos de dengue foram confirmados na cidade, e 12.654 no estado.

A ação faz parte da etapa final do projeto World Mosquito Program Brasil (WMP Brasil), uma iniciativa internacional sem fins lucrativos conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e implantada nas cidades brasileiras por meio de parceria com o Ministério da Saúde. Esse método de controle biológico infecta os ovos ou os mosquitos com a bactéria Wolbachia e permite que as características deles permaneçam as mesmas, sem alterar sua genética ou tempo de vida. Na capital, o projeto terá a duração de três anos e poderá ser aplicado nos municípios do interior do estado.

O coordenador de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV), Vagner Santos explica que há uma epidemia de dengue na capital. “Nós estamos passando por uma epidemia, que nos coloca perto de um patamar de risco. O último Liraa [Levantamento de Índices Rápido do Aedes Aegypti] mostrou que a cidade estava em situação de alerta e aconteceu a epidemia de dengue tipo 2, que é a pior dessas doenças, ela mata. A epidemia de dengue se configura porque existe um grande volume de notificações, e a distribuição e circulação do vírus estar em toda a capital”. De acordo com o último Boletim Epidemiológico de Dengue de 2019, houve mais de 10 mil casos de dengue notificados na capital nos primeiros quatro meses deste ano.

As primeiras liberações dos mosquitos infectados com a Wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, o programa atende 29 bairros no município e 33 bairros em Niterói. A iniciativa é uma medida complementar às demais ações de controle do vírus e ajuda a proteger as regiões onde existe a propagação das doenças. De acordo com o biólogo e líder de pesquisa e desenvolvimento, engajamento e comunicação do WMP Brasil, Gabriel Sylvestre, Campo Grande está na fase de preparação e planejamento para definição das atividades que serão desenvolvidas. “As liberações de mosquitos são precedidas por uma série de ações educativas, de engajamento e comunicação, com o objetivo de informar a população sobre o método Wolbachia. Fazemos diversos estudos de mapeamento e diagnóstico do território com vistas a conhecer o ambiente em que os mosquitos serão liberados”.

Segundo o estudante do mestrado em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Jason de Oliveira o controle biológico é um fenômeno natural que consiste na regulação populacional de plantas e animais. No caso do mosquito Aedes Aegypti, é preciso tempo para que o processo se torne efetivo e que seja utilizado junto a outras técnicas de controle. “A dengue não é mais só um problema de saúde pública, é um problema ambiental também. Então, tem que ter educação ambiental, outras formas de divulgação à respeito do controle dos mosquitos, dos criadouros. É uma forma muito boa (o projeto), mas têm que ser utilizada outras medidas também.”

Assessoria WMP Brasil

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