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segunda-feira, 12 de maio, 2025
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Caseiro lutou com a onça-pintada antes de ser devorado; partes do corpo foram arrancadas

O Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana confirmou nessa segunda-feira (12), por meio do laudo necroscópico, que o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi mesmo morto pelo ataque de uma onça-pintada. O caso aconteceu no dia 21 de abril e o animal foi capturado três dias depois, nas proximidades do pesqueiro onde a vítima residia, na região do Touro Morto, no pantanal de Mato Grosso do Sul.

O documento detalha que o caseiro foi atacado pela cabeça e chegou a lutar com o animal silvestre antes de ser morto. A causa do óbito foi choque neurogênico agudo, causado por ferimentos graves na cabeça, compatíveis com a técnica predatória da onça-pintada, que morde diretamente o osso temporal da vítima, atingindo o cérebro. Foram identificadas lesões extensas e típicas de ataque de animal carnívoro de grande porte.

Confira os principais pontos identificados no exame:

  • Ausência de parte do corpo: segmento cefálico (cabeça), pescoço, ombro esquerdo, parte do tórax e o braço esquerdo foram arrancados.
  • Marcas de mordida e arrasto: o corpo tinha diversas lesões compatíveis com mordidas e sinais de que Jorge foi arrastado pelo animal.
  • Indícios de predação após a morte: órgãos internos e grandes massas musculares estavam ausentes.
  • Sinais de defesa: lesões no braço direito indicam que a vítima ainda estava viva no início do ataque.
  • Sem vestígios de violência humana: as lesões foram inteiramente atribuídas à ação do animal.

Uma série de fragmentos de ossos e cabelos foram extraídos das fezes da onça-pintada suspeita de ter atacado e devorado o caseiro. O material foi recolhido e direcionado para exames periciais e de DNA que irão apontar se são materiais humano e também se pertence à vítima. Esse resultado ainda não está disponível.

Caseiro lutou com a onça-pintada antes de ser devorado; partes do corpo foram arrancadas
Foto: Arquivo

O animal silvestre suspeito de devorar o caseiro foi capturado no dia 24 de abril, em uma ação rápida das equipes policiais ambientais e organizações ligadas à proteção da fauna pantaneira. A onça foi trazida no mesmo dia para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) de Campo Grande, onde está desde então.

Para o delegado responsável pelo caso, Luis Fernando Mesquita, lotado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, já não resta mais dúvida sobre os fatos. “Com base nos elementos de informação colhidos até o momento, de fato, o que ocorreu foi um ataque de animal silvestre de grande porte, onça-pintada!”, afirmou. O inquérito será concluído nos próximos dias e encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPMS).

O caso

Jorginho, conforme era chamado pelos mais íntimos, teria sido surpreendido no dia 21 de abril pelo animal silvestre em seu pesqueiro, na região chamada de Touro Morto, às margens do Rio Miranda, em um local de acesso muito difícil e de mata nativa, com presença constante da fauna pantaneira.

A vítima morava sozinho no local, onde vendia iscas e mel silvestre para turistas e moradores locais. Dias antes de desaparecer, o cunhado registrou um vídeo no qual Jorginho aparece narrando uma luta entre duas onças no quintal de sua casa. Ele mostra a marca das patas e um local onde possivelmente houve um confronto.

Corpo de caseiro devorado por onça-pintada no pantanal de MS é sepultado
Foto: Reprodução

Na manhã de segunda, um grupo de turista foi até o pesqueiro para comprar mel e não achou o morador, mas notou sinais de luta, com manchas de sangue e marcas do que parecia ter sido um ataque de onça. Somente na terça (22), com ajuda do cunhado, os restos mortais dele foram achados distante 300 metros da casa.

Segundo a investigação da Polícia Civil, o laudo pericial deve ficar pronto em 10 dias, mas no corpo dele foram encontrados sinais que indicam mordidas e unhas de animal. Jorginho residia há 16 anos no local e tinha experiência na lida com animais silvestres, especialmente onças-pintadas e cobras.

Onça está bem no CRAS

O boletim divulgado aponta que a onça está consciente, em alerta e com padrão respiratório normal, além de se alimentar de forma adequada. Quando chegou ao CRAS, os médicos veterinários disseram que o animal estava muito doente, com quadro de anemia e alterações agudas no fígado e rins. Ela não será reintroduzida à natureza.

Um vídeo divulgado no último dia 06 mostra a onça-pintada bastante ativa no CRAS. Ele, um macho de cerca de nove anos, está em recuperação desde que foi capturado e diagnosticado com doenças graves, baixo peso e anemia. O boletim veterinário aponta que o felino se alimentando adequadamente, em alerta e consciente.

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