Delegados tentam avançar em acordos climáticos após fogo na área de negociações
A sexta-feira (21) marca o último dia oficial da COP30 em Belém, no Pará, com a expectativa de um esforço concentrado para avançar nas negociações climáticas, ainda sem um acordo fechado entre os países participantes. A presidência brasileira aposta em um mutirão dos delegados estrangeiros para tentar concluir as discussões.
O evento foi impactado pelo incêndio que atingiu a Blue Zone, espaço destinado às negociações oficiais. O incidente provocou fechamento da área por cerca de cinco horas, atendimento médico por inalação de fumaça e repercussão internacional. Em entrevista à CNN, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que o incêndio reduziu o tempo disponível para negociações, mas manteve expectativa positiva: “A negociação está muito difícil, mas acredito que vamos conseguir amanhã em um esforço dos delegados estrangeiros que querem trabalhar por um bom resultado”.
Entre os temas mais sensíveis estão a transição energética, especialmente a redução do uso de combustíveis fósseis, e o financiamento para medidas de adaptação às mudanças climáticas. As reuniões remotas continuaram na quinta-feira (20), mas as plenárias presenciais devem ser retomadas nesta sexta-feira às 11h.
Investigação em andamento
A Polícia Federal abriu investigação sobre o incêndio na Blue Zone. Uma vistoria inicial já foi realizada, e a perícia completa será feita nesta sexta-feira. Testemunhas dos pavilhões afetados serão ouvidas, e uma das linhas de investigação aponta que um forno micro-ondas incompatível com a rede elétrica pode ter causado curto-circuito e provocado o fogo.
A ONU havia alertado o governo brasileiro sobre riscos na estrutura do evento, citando potenciais problemas com eletricidade, alagamento, refrigeração e segurança. A carta foi endereçada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e ao governador do Pará, Helder Barbalho.
Impasse nas negociações
O aumento do número de roteiros (“road maps”) na COP30 complicou a tentativa brasileira de priorizar um plano de fim dos combustíveis fósseis. Além desse, outras seis propostas igualmente prioritárias para as delegações estão sendo debatidas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou na quinta-feira a importância de garantir que a conferência não fracasse. Ele reforçou a necessidade de uma transição justa para energias renováveis, afirmando que os combustíveis fósseis ainda representam 80% das emissões globais, e defendeu o triplicamento do financiamento para adaptação até 2030.
