O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define nesta quarta-feira (17) a nova taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). A expectativa majoritária entre analistas do mercado financeiro é de manutenção do patamar atual, de 15% ao ano, o mais alto desde 2006.
A reunião teve início na terça-feira (16) e a decisão será válida pelos próximos 45 dias, até que os diretores do BC voltem a se reunir. No último encontro, o comitê interrompeu o ciclo de sete altas consecutivas iniciado em setembro de 2024.
Na ata mais recente, o Copom indicou que a política monetária seguirá “significativamente contracionista” por um período prolongado, diante da persistência de expectativas de inflação desancoradas.
Superquarta no Brasil e nos EUA
A decisão ocorre em meio à chamada “superquarta”, quando Brasil e Estados Unidos anunciam simultaneamente suas políticas de juros. Enquanto o BC deve manter a Selic em 15%, o Federal Reserve (Fed) deve realizar o primeiro corte de 2025, reduzindo a taxa norte-americana em 0,25 ponto percentual.
O Fed, alvo de pressões do presidente Donald Trump por juros mais baixos, pode reforçar a tendência de enfraquecimento do dólar e estímulo à atividade econômica. A disputa política ganhou força após o republicano pedir judicialmente a demissão da diretora Lisa Cook, alvo de um processo que ainda tramita na Justiça dos EUA.
Projeções do mercado
Segundo o Boletim Focus, a previsão do mercado financeiro é de que a Selic encerre 2025 em 15% ao ano. Para 2026, a estimativa caiu de 12,50% para 12,38%, e para 2027 segue em 10,50%.
A Warren Investimentos avalia que a manutenção do atual nível se deve à desaceleração da atividade econômica, à acomodação do crédito e à valorização do real, fatores que contribuem para o controle dos preços. Por outro lado, ganhos reais no mercado de trabalho ainda exercem alguma pressão sobre a inflação.
Analistas projetam que o início de cortes na taxa de juros só ocorra em janeiro de 2026, com uma redução inicial de 0,25 ponto percentual.
Impacto da Selic
A Selic é o principal instrumento de combate à inflação. Taxas elevadas encarecem o crédito, freiam o consumo e reduzem a produção, afetando diretamente o ritmo da economia.
O dólar abriu esta quarta-feira (17) em alta, cotado a R$ 5,44, refletindo as expectativas em torno das decisões no Brasil e nos Estados Unidos.
Histórico recente
Entre agosto de 2022 e junho de 2023, a Selic permaneceu em 13,75% ao ano. Depois, o Copom realizou sete cortes seguidos, até chegar a 10,5% em maio de 2024. O movimento foi revertido em setembro do mesmo ano, com o início de uma sequência de sete altas, que levaram os juros ao nível atual de 15%.