O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça (6) e quarta-feira (7) para decidir o novo patamar da taxa básica de juros da economia, a Selic. A expectativa do mercado é de mais um aumento de 0,5 ponto percentual, o sexto consecutivo, o que elevaria a taxa de 14,25% para 14,75% ao ano — o maior nível desde julho de 2006.
Caso confirmada, a alta marca a continuidade de um ciclo iniciado em setembro do ano passado, com sucessivos ajustes para conter a inflação. A decisão será acompanhada com atenção pelo mercado, especialmente por conta do novo comunicado do Copom, que pode indicar se o ciclo de elevações está próximo do fim.
Inflação ainda preocupa
A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, mostrou desaceleração em abril, com alta acumulada de 5,49% em 12 meses, ainda acima da meta do Banco Central, que é de 3% ao ano. O dado consolidado do IPCA será divulgado nesta sexta-feira (9) pelo IBGE.
Segundo o C6 Bank, apesar da leve melhora nos indicadores, o cenário inflacionário segue pressionado e cercado por incertezas, especialmente no ambiente internacional. A equipe econômica da instituição prevê que o ciclo de alta continue até junho, quando a Selic pode chegar a 15% ao ano. A projeção é de que esse patamar seja mantido até o fim de 2026.
Selic pode chegar a 15,25% ainda neste ano
Economistas de outras instituições também estimam novos aumentos. Para Gustavo Sung, da Suno Research, o Copom pode optar por uma alta de até 0,75 ponto percentual nesta semana, mas o mais provável é um ajuste de 0,50. Ele projeta que a taxa termine 2025 em 15,25% ao ano.
Já o Itaú mantém a expectativa de duas novas altas de 0,50 ponto percentual, encerrando o ciclo de ajustes em junho, com a Selic em 15,25% ao ano. No entanto, o banco ressalta que a segunda alta dependerá da evolução do cenário externo, especialmente da taxa de câmbio e dos preços das commodities.
O que é a Selic e como afeta a economia
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para o controle da inflação. Quando elevada, encarece o crédito e desestimula o consumo, o que ajuda a conter os preços. No entanto, juros mais altos também dificultam o crescimento econômico, ao aumentar os custos de financiamento para empresas e consumidores.
A Selic influencia diretamente todas as taxas de juros do mercado, como as de empréstimos, financiamentos e cartões de crédito. Também determina a rentabilidade de diversos investimentos, como os títulos públicos e aplicações de renda fixa.
Histórico recente
Desde setembro do ano passado, o Copom vem promovendo sucessivos aumentos na taxa Selic. Em novembro, ela foi elevada para 11,25%, passando para 12,25% em dezembro. Em janeiro, chegou a 13,25%, e em março alcançou 14,25% ao ano. Com a possível alta desta semana, a taxa alcançaria 14,75%, se aproximando do teto projetado pelos analistas.